O futuro da Ucrânia tem estado nas mãos de Trump, ou no telefone de Trump, entre chamadas com a Rússia e a Ucrânia. Hoje, mais uma conversa discutiu uma estratégia de cessar-fogo para a guerra, até agora rejeitada por Putin. Estas são as mais recentes atualizações sobre as negociações americanas.

Na passada terça-feira, Donald Trump esteve à conversa com Putin, líder russo, responsável pela invasão na Ucrânia há três anos. Hoje, a chamada foi com Zelensky.

Até agora, as negociações não conseguiram convencer a Rússia a determinar o cessar-fogo, apesar da vontade ucraniana e da pressão europeia. Só os Estados Unidos continuam sem tomar partido, e autointitulam-se de pacificadores, tendo sido até sugerido que Donald Trump deveria receber o Nobel da Paz.

Mas, o que foi negociado?

Na conversa com o presidente Putin foram feitas duas solicitações e partilhadas necessidades do povo ucraniano, disse Donald Trump na sua rede social Truth Social, sobre a conversa com Zelensky. "Estamos no caminho certo", acrescenta.

As principais negociações são sobre a desocupação de "terras" e a enorme central nuclear de Zaporizhzhia. Uma dessas "terras" é a Crimeia, anexada em 2014 como uma região russa.

Donald Trump acredita que o território deve ser reconhecido como russo, atendendo assim a uma grande exigência de Vladimir Putin, que reivindica a Crimeia como ponto estratégico e militar indispensável.

Esta quarta o Governo ucraniano acusou a Rússia de uma onda de ataques à infraestrutura civil horas depois de Moscovo estabelecer uma pausa nos ataques à rede de energia. Putin garantiu a Trump que já indicou aos militares para pararem os ataques.

Além disso, está em causa o transporte de óleo da Rússia para a Europa através do Mar Negro, sem serem atacados pela Ucrânia. “Tudo o que os russos estiverem a mover para trás e para a frente no Mar Negro são para nós alvos militares válidos”, sublinhou Oleg Ustenko, um conselheiro económico do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, numa entrevista ao jornal Politico.

De que lado está Donald Trump?

Apesar de agora afirmar que o seu objetivo é "salvar os soldados ucranianos", Donald Trump prefere não assumir nenhum lado.

Há menos de um mês, no dia 28 de fevereiro, o presidente americano trocou agressões verbais com o homólogo ucraniano, Volodimir Zelensky, diante das câmaras do mundo todo. O momento considerado "humilhante" levou ainda à suspensão da ajuda militar americana a Kiev.

Os EUA impediram também a partilha de informações até obter um acordo de princípios da Ucrânia sobre uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 30 dias, que já foi entregue.

"A Ucrânia apoiou a proposta dos EUA para um cessar-fogo temporário de 30 dias. Esperamos que a Rússia aceite incondicionalmente esta proposta", disse Andrii Sibiga, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, citado numa declaração do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia pediu também à Rússia esta terça-feira que aceite um cessar-fogo "sem condições" prévias.

Trump tem interesses na Ucrânia?

Os Estados Unidos, como potência económica, têm sempre um interesse de gestão de poderes e militar no mundo e na Europa. E, por isso, propôs esta quarta-feira a Volodimir Zelensky, durante a sua última conversa telefónica, que os Estados Unidos sejam proprietários das usinas nucleares e elétricas ucranianas, manifestando essa vontade.

"A propriedade americana dessas usinas seria a melhor proteção e o melhor apoio à infraestrutura energética ucraniana", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

Além disso, o Governo americano pede 50% dos rendimentos da Ucrânia com a exploração de recursos naturais, incluindo grafite, lítio e urânio, em troca do apoio de Washington. Volodymyr Zelensky rejeitou na reunião de hoje as exigências americanas, avança o Globo.

Quando vai ser negociado o cessar-fogo?

As conversas sobre um cessar-fogo na guerra entre a Rússia e a Ucrânia vão continuar no domingo na cidade de Jidá, na Arábia Saudita, informou o enviado especial do presidente Donald Trump, Steve Witkoff.

Em entrevista ao canal Fox News, Witkoff assinalou que a delegação americana na Arábia Saudita será liderada pelo secretário de Estado Marco Rubio e pelo conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz, mas não indicou quem seriam as contrapartes nas negociações.

Ao mencionar a possibilidade de um cessar-fogo envolvendo a infraestrutura energética e alvos militares no Mar Negro, Witkoff disse: "Acho que os russos concordaram com essas duas coisas. E estou esperançoso que os ucranianos também vão concordar"

Washington tem pressionado por um cessar-fogo total, de 30 dias, como um primeiro passo para uma solução mais ampla para a guerra que já dura há três anos.

De acordo com o Kremlin, Putin já ordenou a seu Exército uma pausa nos ataques contra a rede de energia ucraniana por 30 dias.

Witkoff, no entanto, reiterou que a proposta de cessar-fogo incluía "energia e infraestruturas no geral."

O enviado de Trump elogiou Putin "por tudo o que fez naquela ligação para aproximar o seu país de um acordo de paz final".

Witkoff disse que, com o consenso em torno dos alvos na rede de energia e nas infraestruturas, bem como os no Mar Negro, acredita que "há uma distância relativamente curta para um cessar-fogo total a partir daí".

*Com AFP