A delegação europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou esta terça-feira para o aumento de casos de gripe nas últimas semanas em vários países e para a pressão nos hospitais, que poderá aumentar.

“Estamos preocupados com as informações sobre pressões localizadas em hospitais e sobrelotação em urgências, devido a confluência dos vírus respiratórios que estão a circular”, afirmou, em conferência de imprensa, o diretor da OMS para a Europa, Hans Kluge.

Quais os números que causam preocupação? 

Na região europeia, que compreende 53 países e inclui a Rússia e várias antigas repúblicas soviéticas, as hospitalizações por gripe aumentaram 58%, nas últimas semanas, relativamente às anteriores, e as entradas nos cuidados intensivos cerca de 21%.

“Vemos uma grande intensidade de infeções por gripe em vários países da região. Os sistemas de saúde devem estar prontos para um provável aumento de casos de gripe nas próximas semanas”, disse Kluge.

Por cá, sabe-se que os internamentos por gripe nas Unidades de Cuidados Intensivos diminuíram na primeira semana do ano para 11,7% face à época do Natal e Ano Novo, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Quem está a ser mais afetado pelas infeções respiratórias? 

Os grupos mais afetados são os maiores de 65 anos e as crianças pequenas. Contudo, Portugal regista um pico da mortalidade causada por problemas respiratórios nos pacientes acima dos 45 anos.

Falamos de gripe e de mais o quê?

Além da gripe e da covid-19, confluíram nestas semanas também o vírus respiratório sincicial humano (VRS), além de outros patógenos como micoplasmas e sarampo, que infetaram sobretudo as crianças.

“Os índices de VRS alcançaram o pico antes do Ano Novo e estão a baixar agora, os de covid-19 continuam elevados, mas a baixar, e os da gripe estão a crescer rapidamente”, afirmou Kluge, destacando que essa tendência não é necessariamente “fora do normal”.

Sublinhou ainda a importância de seguir de perto a evolução da gripe e de outros vírus respiratórios e criticou que 13 países da região não tenham facultado dados relativos à semana passada.

As máscaras podem vir a ser obrigatórias para impedir o contágio? 

No caso de Portugal, relativamente ao uso obrigatório de máscaras para prevenir o contágio, a diretora-geral da saúde, Rita Sá Machado alegou que a DGS tem normas em vigor e que, “mediante alguns alertas sobre o estado epidemiológico local”, os serviços de saúde podem - e têm “autonomia para o fazer” - determinar a utilização ou não.

“Face àquilo que era um aumento da incidência do vírus da gripe sazonal e também um aumento da própria incidência de covid-19, fizemos essa recomendação da utilização de máscara para pessoas com sintomatologia por vírus respiratórios e fizemos também essa recomendação naquilo que são os profissionais que estão na primeira linha a fazerem essa avaliação de todos estes doentes”, declarou.

Por sua vez, a diretora de programas de emergência, Catherine Smallwood, refere que a OMS não alterou no último ano os conselhos sobre o uso de máscaras e recordou que se mantém “uma forte recomendação” de as usar em unidades de saúde, sobretudo onde há circulação de covid-19.

E quem pode ser vacinado?

Soube-se hoje que a idade elegível para as vacinas da gripe poderá baixar para os 45 anos. Porém, a diretora geral ressalvou que a atual prioridade continua ser a vacinação dos cidadãos com 60 ou mais anos.

“Face àquilo que foi a nossa disponibilidade das vacinas conseguimos alargar para a gripe aos 50 – 59 anos. Se mantivermos esta disponibilidade de vacinas, vamos equacionar um provável alargamento, sem descuidar nunca aquilo que são as nossas prioridades vacinais”, reiterou.

“Estamos a ponderar, estamos fazer esta avaliação semanal de ponderar o alargamento, o alargamento não é algo tácito. Portanto, não está definido, mas estamos a ponderar e estamos a equacionar todas as semanas e vemos se será ou não feito esse alargamento, no caso da gripe”, acrescentou.

Quanto à covid-19, foi também anunciado que a vacinação sazonal é agora alargada à população com mais de 18 anos.

*Com Lusa