Osvaldo Gonçalves (PS) disse à agência Lusa que, depois de ter ponderado o convite que lhe foi feito, aceitou representar a Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) na administração da ALGAR, mostrando-se confiante no trabalho que pode fazer no novo cargo, em defesa da participação que os 16 municípios do distrito de Faro têm no capital social na empresa.

O presidente da Câmara de Alcoutim, que está na autarquia há 11 anos e não pode recandidatar-se devido à lei de limitação de mandatos, confirmou que vai deixar o cargo numa reação a um comunicado do PSD do Algarve, que se mostrou hoje “surpreendido com a deliberação da AMAL, liderada pelo socialista António Miguel Pina”, de o nomear para aquela empresa.

“Para além da óbvia questão do compromisso que fica por cumprir com a população de Alcoutim, sobretudo numa altura em que dossiês críticos com a Ponte de San Lucar [investimento em execução com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)] ou a falta de médicos no concelho estão por resolver, avulta a total ausência de competências de gestão nesta área que a pessoa em causa manifesta”, lamentou a estrutura distrital de Faro do PSD.

A mesma fonte considerou que o currículo de Osvaldo Gonçalves, bancário de profissão e presidente da Câmara de Alcoutim desde 2013, não dá “as mínimas garantias de que pode ser útil para a empresa” e a sua nomeação pela AMAL pode ser vista como um “exílio dourado” para um autarca em final de mandato, elevando à presidência o seu número dois para ter “melhores condições para a sua candidatura em 2025” nas eleições autárquicas.

“Em relação à minha saída e ao convite que me foi feito para representar os municípios na ALGAR, é um convite que, depois de muito ponderar, aceitei”, afirmou o autarca, considerando que a “proximidade” e a “relação” com os representantes das 16 Câmaras do Algarve permite-lhe assumir esse “compromisso” e desempenhar o papel de “interligação” das autarquias na empresa.

Confrontado pela Lusa com as dúvidas manifestadas pelo PSD quanto à sua competência para o cargo, Osvaldo Gonçalves retorquiu que “nunca” exerceu “quaisquer que fossem os cargos sem ter as competências e exigências necessárias para o seu desempenho” e assegurou que, na administração da ALGAR, vai atuar com o “mesmo rigor e dedicação”.

Questionado sobre a data em que deixará a presidência da Câmara de Alcoutim, o autarca respondeu que ainda não sabe exatamente o dia, mas indicou que isso vai acontecer durante o mês de maio e, quando isso acontecer, não pode ficar na Câmara, porque os cargos são incompatíveis.

Em relação à passagem da presidência da Câmara de Alcoutim para o vereador Paulo Paulino, que é o vice-presidente do município, Osvaldo Gonçalves assegurou que está “confortável” com essa substituição.

O autarca justificou a sua posição com os 11 anos de trabalho “em equipa” realizados pelo seu executivo camarário em Alcoutim e recordou que Paulo Paulino sempre esteve ao seu lado como vice-presidente.

“E fico completamente tranquilo de que ele estará muito à altura de levar por diante todos os dossiês que temos em mãos e que cumpra, em equipa, como até hoje tem sido apanágio do nosso trabalho, os compromissos do nosso programa eleitoral, que eu apresentei, mas que foi subscrito por todos, porque nunca falei em nome próprio e sempre falei em nome de uma equipa”, argumentou.