A decisão foi comunicada esta tarde pela ministra da Saúde, Carolina Darias, numa reunião com as comunidades autónomas convocada com caráter de urgência, segundo a imprensa espanhola. A Espanha é o mais recene país a suspender a utilização da vacina da AstraZeneca, com a interrupção a ocorrer por, pelo menos 15 dias.
A decisão do país vizinho é tomada depois da França, Itália e Alemanha terem anunciado hoje que iriam suspender a vacinação com doses da AstraZeneca também.
Para além destes países, a Noruega, Países Baixos, Irlanda, Bulgária, Áustria, Estónia, Lituânia, Letónia, Luxemburgo e Dinamarca já interromperam o uso da vacina da AstraZeneca, após a deteção de casos graves de coágulos sanguíneos em pessoas que foram vacinadas com doses da AstraZeneca.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, por exemplo, anunciou hoje que a vacina da AstraZeneca para a covid-19 vai ser suspensa em França "por precaução"."Muitos parceiros europeus decidiram suspender a utilização da vacina da AstraZeneca. Há alguns minutos foi a vez das autoridades alemãs. A Autoridade Europeia do Medicamento vai pronunciar-se amanhã (terça-feira) sobre a vacina e, até lá, o ministro da Saúde e as autoridades sanitárias decidiram suspender a vacinação com AstraZeneca por precaução", afirmou o Presidente em conferência de imprensa.
Emmanuel Macron disse ainda desejar que caso a vacina volte a receber luz verde pelas autoridades europeias, a vacinação com este fármaco seja retomada rapidamente.
A Itália, por seu lado, suspendeu também a vacinação com as doses da AstraZeneca a partir desta segunda-feira. A Agência Italiana de Medicamentos (AIFA) declarou que a medida foi tomada "por precaução e de maneira temporária em todo território", enquanto se espera a decisão da EMA, a agência europeia de medicamentos, encarregada da avaliação na União Europeia.
A decisão foi tomada depois de a AIFA ter recomendado a suspensão do uso de doses de um lote específico dessa vacina, na semana passada, após a morte de um militar e de um polícia na Sicília, em casos que a justiça está a investigar.
No domingo, as autoridades de Biella, no Piedmonte, disseram estar a investigar a morte de uma professora de música, de 57 anos, que também foi vacinada com uma dose da AstraZeneca.
Depois dos primeiros relatos de casos, a AIFA explicou, num comunicado, que por causa de informações sobre problemas de saúde detetados em outros países europeus, decidira bloquear a inoculação das doses do lote ABV2856.
A Alemanha soma-se também aos países que vão suspender o uso da vacina contra a covid-19 do laboratório AstraZeneca "como medida preventiva", depois da notificação de efeitos colaterais, anunciou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira.
O conselho do organismo regulador de vacinas da Alemanha, o Instituto Paul Ehrlich, pediu uma investigação mais aprofundada dos casos detetados e "acredita que outros exames (são) necessários" após a formação de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas na Europa, afirmou um porta-voz do ministério.
Em comunicado, o Ministério disse que a Agência Europeia de Medicamentos decidirá “se e como as novas informações afetarão a autorização da vacina”. No comunicado, o Ministério da Saúde alemão explicou que os coágulos sanguíneos relatados envolveram veias cerebrais, mas não especificou onde ou quando os incidentes ocorreram.
O governo holandês decidiu no domingo suspender o uso desta vacina, por precaução, até 28 de março, depois de "possíveis efeitos colaterais" terem sido relatados na Dinamarca e na Noruega com a vacina AstraZeneca, ainda sem ligação comprovada, de acordo com Ministério da Saúde.
Hoje, a Irlanda tomou a mesma decisão, depois de relatos de quatro novos casos graves de coágulos sanguíneos em adultos vacinados na Noruega. Por sua vez, a Noruega, que também relatou hemorragias cutâneas em jovens vacinados no sábado, suspendeu a vacina na semana passada.
Entretanto, Andrew Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group, que desenvolveu a vacina com a AstraZeneca, disse hoje à BBC que há "evidências muito tranquilizadoras de que não há aumento no fenómeno do coágulo sanguíneo aqui no Reino Unido, onde a maioria das doses na Europa foram administradas até agora". O especialista frisou a importância de continuar a vacinação contra o novo coronavírus, que provoca uma doença que apresenta "enorme risco" para a saúde.
No domingo, em comunicado, a AstraZeneca disse que "uma revisão cuidadosa” dos dados de segurança disponíveis sobre mais de 17 milhões de pessoas vacinadas na União Europeia e no Reino Unido "não produziu evidências de um risco aumentado de embolia pulmonar, trombose venosa (TVP) ou trombocitopenia em qualquer faixa etária, sexo, lote ou país específico”.
“Cerca de 17 milhões de pessoas na União Europeia e no Reino Unido já receberam a nossa vacina e o número de casos de coágulos sanguíneos relatados neste grupo é menor do que as centenas de casos que seriam esperados na população em geral”, comparou Ann Taylor, diretora médica, citada no comunicado.
Na semana passada, numa conferência de imprensa em Genebra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu que não havia qualquer razão para não usar a vacina da AstraZeneca.
A porta-voz da OMS sublinhou que os especialistas da organização estão ainda a analisar a informação sobre a formação de coágulos sanguíneos, mas referiu que, por enquanto, não foi estabelecida qualquer relação de causa-efeito.
“Qualquer alerta de segurança deve ser alvo de investigação. Temos que assegurar que estudamos todos os alertas de segurança quando distribuímos as vacinas e temos de passar por eles, mas não existe qualquer indicação para não utilizar [as vacinas]”, frisou Margaret Harris.
Em Portugal, a Direção-Geral de Saúde (DGS) e o Infarmed afirmaram no domingo que a vacina da AstraZeneca pode continuar a ser administrada e frisaram que não há evidência de ligação com os casos tromboembólicos registados noutros países.
No comunicado conjunto, a DGS e o Infarmed recordam que os casos notificados na Noruega “estão a ser avaliados pelo Comité de Segurança, PRAC, da Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos (EMA)", esperando-se uma conclusão durante esta semana.
“O número de eventos tromboembólicos comunicados na população vacinada na União Europeia (cerca de 5 milhões de doses) e no Reino Unido (cerca de 11 milhões de doses) continua a não ser superior ao verificado na população em geral”, sublinham.
[Notícia atualizada às 17:37 — Inclui a decisão da Espanha]
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