Em declarações à agência Lusa o mentor e presidente da PAJE, João Pedro Gaspar, afirmou que os 12.500 euros atribuídos à plataforma vão ajudar a equipar novas instalações, mas também permitir que a organização continue a apoiar jovens que estão a sair do acolhimento numa altura em que “a habitação está difícil”.

“Somos a única organização a apoiar jovens em situação de pós-acolhimento”, referiu João Pedro Gaspar, ao falar do percurso de crianças retiradas às famílias e que quando completam 18 anos querem iniciar uma vida fora das instituições.

“Cada vez tentamos mais que não saiam logo aos 18 anos, até pela fragilidade emocional e cognitiva que apresentam. Muitos são acompanhados em psicoterapia. A maturidade aos 18 e 19 anos não é muita e o conhecimento da realidade também”, sublinhou, acrescentando que quase todos (97%) vivem em instituições.

O prémio é também, uma oportunidade para dar visibilidade a esta franja da população, que “não tem mais ninguém a apoiar”, defendeu o responsável.

“Por outro lado, é também um reconhecimento dos trabalhadores da infância, que nem sempre são valorizados”, considerou.

Para a presidente da ProChild, Isabel Soares, o prémio é “um reconhecimento” pelo trabalho desenvolvido.

“Estamos contentes com este reconhecimento. É um prémio muito especial pela centralidade que é atribuída aos direitos humanos e que coloca este ano em primeiro plano os direitos da criança”, disse.

O projeto que representa pauta-se por uma abordagem científica, que procura contribuir para políticas públicas. O laboratório, destacou, reúne um conjunto de entidades parceiras, de instituições académicas a municípios e pretende articular a investigação com a intervenção social.

“A situação pós-pandémica complicou-se. A pandemia trouxe novos desafios nesta matéria, com um contexto avassalador para as famílias. A exclusão sempre foi uma matéria de enorme gravidade, que precisa de respostas e neste momento é mais urgente”, destacou Isabel Soares, segundo a qual há “múltiplas formas de pobreza e de exclusão”.

Em Portugal, apesar dos esforços no sentido de diminuir a pobreza e a exclusão, a situação ainda é grave, sustentou.

A entrega do Prémio Direitos Humanos 2023 da Assembleia da República e da medalha de ouro comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos vai decorrer na Sala do Senado, durante uma cerimónia presidida pelo presidente do parlamento, Augusto Santos Silva.

A medalha de ouro comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos será entregue aos membros da extinta Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa — Pedro Strecht, Álvaro Laborinho Lúcio, Ana Nunes de Almeida, Catarina Vasconcelos, Daniel Sampaio e Filipa Tavares.

Distingue-se, desta forma, o estudo realizado de janeiro a outubro de 2022 para desocultação e caracterização de situações de abuso de crianças na Igreja Católica em Portugal.