“Houve aqui, de facto, uma negligência enorme, diria até um dolo por parte das autoridades, que permitiram que estes animais fossem queimados vivos e que não foram resgatados, nem pelas autoridades nem pelos populares”, disse aos jornalistas.

André Silva prestava declarações em Lisboa, no final de uma visita a um restaurante que está a confecionar refeições para distribuir não só a pessoas sem abrigo mas também a um centro de acolhimento e a outras pessoas em situação de carência.

De acordo com o líder do Pessoas-Animais-Natureza, “as autoridades barraram a entrada e impediram a entrada de dezenas, centenas de pessoas que queriam auxiliar os animais, queriam salvar os animais e foi precisamente por ação última da Guarda Nacional Republicana que não se pôde entrar dentro daquele espaço para resgatar e salvar os animais”.

Também o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa (PS), “deverá responder porque é que aquele abrigo não foi fiscalizado, ou se foi fiscalizado porque é que continuava aberto, porque é que mantinha relações institucionais com as detentoras do abrigo”.

O PAN critica também o médico veterinário municipal, alegando que “não se dignou a ir ao local, em fazer cumprir a sua ação, nomeadamente a primeira delas que é salvar e garantir que os animais eram todos salvos e resgatados”.

“Aqui não há qualquer aproveitamento político, o que queremos saber é se vai existir ou não responsabilidade política e criminal destas entidades, que foram completamente omissivas relativamente à vida de centenas de animais”, salientou André Silva, rejeitando as acusações da autarquia, que considerou "lamentável que esta situação esteja a ser alvo de instrumentalização política" para denegrir o trabalho do município no campo do bem-estar animal.

Na sua ótica, os comunicados emitidos pela câmara e pela GNR “apenas servem para se desresponsabilizar estas entidades, que têm uma enorme responsabilidade”.

Quanto à queixa ao Ministério Público por parte do PAN, por “crime contra animais de companhia”, o porta-voz referiu hoje ainda não ter obtido qualquer resposta.

“Nós esperamos que as autoridades ajam, esperamos também, a qualquer momento, nem pode ser de outra forma, que o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso encerre aqueles espaços que não têm as condições adequadas para a detenção de animais de companhia”, acrescentou, pedindo “que estas pessoas e que estas entidades possam ser responsabilizadas”.

O porta-voz do PAN considerou “absolutamente lamentável” a “falta clara de interesse e vontade política” e referiu que “este é um caso em concreto de que, de facto, a proteção e o bem-estar animal continuam a não ser uma das prioridades do país”.

André Silva instou ainda os partidos a acompanharem as iniciativas do PAN que vão ser debatidas em especialidade na terça-feira “para alterar o Código Penal e o Código de Processo Penal para que algumas zonas mais cinzentas, mais omissas da lei possam ganhar outra densidade e conferir mais proteção aos animais e para impedir que estas situações aconteçam”, nomeadamente a criminalização do abandono e da morte de animais.

O incêndio atingiu dois canis na freguesia de Agrela, em Santo Tirso (Porto), e matou 54 animais este fim de semana, tendo 190 sido recolhidos com vida.

Segundo a autarquia, 113 animais foram realojados em canis municipais e associações e os restantes 77 foram acolhidos por particulares.