“O abuso sexual de menores é um crime de uma natureza extremamente grave. Em política todos podemos ter expressões menos felizes, mas devemos reconhecê-las e devemos precisamente pedir desculpa. Esperamos isso de Marcelo Rebelo de Sousa”, declarou Inês de Sousa Real, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa.
A porta-voz e deputada única do PAN, que falava após uma audiência sobre o Orçamento do Estado para 2023, acrescentou: “E tendo em conta que o Presidente ao longo de todo o seu mandato tem revelado sensibilidade para matérias como a pobreza, as vulnerabilidade, esperamos que sim, que o faça, até porque as crianças devem ver prevalecer o superior interesse dos seus direitos”.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, também se pronunciou sobre este assunto após ter sido recebido pelo chefe de Estado e, sem defender diretamente um pedido de desculpas, disse que “é preciso nestas ocasiões reconhecer ou que se errou ou reconhecer que a mensagem não passou”.
Segundo Rui Tavares, “ela nitidamente não foi entendida” neste caso, “ninguém duvida que o Presidente da República tenha toda a empatia e seja uma pessoa empática, mas às vezes é preciso reconhecer que essa empatia não passou da maneira que deveria ter passado”.
O deputado sugeriu que nestas situações “há o reconhecer, corrigir e dirigir-se às pessoas que, mesmo que não tenha sido essa a intenção, possam ter sentido como consequência que o seu sofrimento e a sua coragem tenham minimizados”.
Na terça-feira, questionado sobre a recolha de 424 testemunhos de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da República afirmou não estar surpreendido, salientou que ”não há limite de tempo para estas queixas” que têm estado a ser recolhidas, algumas relativas “há 60 ou há 70 ou há 80 anos”.
“Significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionou com a Igreja Católica de milhões ou muitas centenas de milhares”, prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: “Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”.
Face às críticas que estas declarações suscitaram, o chefe de Estado divulgou uma nota na qual afirma que ”??????este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo mundo”, admitindo que “terá havido também números muito superiores em Portugal”.
Depois, o Presidente da República falou para a RTP e para a SIC a reforçar a mesma mensagem, reiterando que 424 queixas lhe parece um número “curto”, declarando que aceita democraticamente as críticas que recebeu, mas não as compreende.
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