“Mesmo antes do fim da pandemia [de covid-19], o mundo inteiro deparou-se com um novo e trágico desafio: a guerra na Ucrânia. Após o fim da II Guerra Mundial, nunca houve escassez de guerras regionais, ao ponto de, por vezes, falar-se de uma III Guerra Mundial”, disse o Papa aos participantes na sessão plenária do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
“No entanto, esta guerra, tão cruel e sem sentido como qualquer outra, tem uma dimensão maior e ameaça o mundo inteiro, e não pode deixar de despertar a consciência de cada cristão e de cada Igreja”, acrescentou.
O Papa deixou uma pergunta: “O que as Igrejas fizeram e podem fazer para contribuir para o desenvolvimento de uma comunidade mundial, capaz de alcançar a fraternidade dos povos e nações que vivem a amizade social?”.
Francisco, que tem condenado a guerra na Ucrânia em várias ocasiões, mostrou a disposição do Vaticano de “fazer todo o possível” para ajudar a alcançar uma solução pacífica.
O líder da Igreja Católica pediu uma reunião com o Presidente russo, Vladimir Putin, em Moscovo, para lhe pedir que trave o conflito, mas ainda não recebeu uma resposta, segundo disse numa recente entrevista ao jornal “Corriere della Sera”.
O Papa explicou, então, que conversou com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas ainda não falou com Putin, e que, após 20 dias de guerra, pediu ao secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, que enviasse ao Presidente russo a mensagem de que estava pronto para ir a Moscovo.
Hoje, no seu discurso perante os membros do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Francisco sublinhou que “diante da barbárie da guerra, este desejo de unidade deve ser nutrido novamente” e que “ignorar as divisões entre os cristãos, por costume ou resignação, significa tolerar aquela contaminação dos corações que torna o terreno fértil para o conflito”.
“A proclamação do evangelho da paz, aquele evangelho que desarma os corações diante dos exércitos, só será credível se for proclamado por cristãos finalmente reconciliados em Jesus, o Príncipe da Paz; cristãos animados pela sua mensagem de amor e fraternidade universal, que vai além dos limites de sua própria comunidade e nação”, afirmou.
Nesse sentido, destacou que a celebração em 2025 do 1.700º aniversário do Primeiro Concílio de Nicéia, coincidindo com o próximo Jubileu, servirá para “conduzir a novos passos concretos até ao objetivo de restaurar plenamente a unidade dos cristãos”.
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