“Infunde no coração dos homens e dos dirigentes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de sepulturas; um mundo de irmãos, não de muros”, disse o Papa durante a oração Regina Caeli, que rezou logo após a missa a que presidiu na Praça Kosuth Lajos, na capital húngara.
O sumo pontífice assumiu ainda ter pensado muito nestes dias “na causa da paz” e pediu à Virgem Santa para velar pelos povos que mais sofrem. “Olhai especialmente para o povo ucraniano, vizinho e atormentado, e para o povo russo, a vós consagrado”, disse.
Por outro lado, o Papa chamou também a atenção para a tecnologia e o impacto dos algoritmos, que “podem representar mais um risco de desestabilização do humano”.
Num discurso em que refletiu sobre as novas tecnologias, ao visitar a Faculdade de Ciências Informáticas e Biónicas da Universidade Católica “Péter Pázmány”, em Budapeste, o líder da Igreja Católica advertiu que, por vezes, o uso da tecnologia pode levar “à falta de limites”, na lógica do “pode ser feito, logo é lícito”.
“Pensemos também no desejo de colocar no centro de tudo, não a pessoa e as suas relações, mas o indivíduo, centrado nas suas próprias necessidades, ávido de acumular e voraz em agarrar a realidade”, disse o Papa, sublinhando que os “laços comunitários” podem sair degradados: “Quantos indivíduos isolados, muito ligados em rede socialmente e pouco sociais, recorrem, como num círculo vicioso, às consolações da tecnologia para preencher o vazio?”.
Embora tenha frisado não querer ser pessimista, considerando que isso seria contrário à sua fé, o Papa Francisco alertou para a “arrogância do ser e do ter”, recorrendo a citações do livro “O Senhor do Mundo”, de Robert Benson, que “descreve um futuro dominado pela tecnologia e no qual tudo, em nome do progresso, é estandardizado”, num humanismo que suprime diferenças e ajuda a abolir as religiões.
“Com a ajuda da ciência não queremos apenas compreender, queremos também fazer a coisa certa, ou seja, construir uma civilização humana e solidária, uma cultura sustentável e um ambiente sustentável”, acrescentou.
Salientando o facto de que “a Hungria assistiu a uma sucessão de ‘ismos’ que se impuseram como verdade, mas não deram liberdade”, o Papa falou da transição do comunismo para o consumismo.
“Em ambos os ‘ismos’ há uma falsa ideia de liberdade: a do comunismo era uma liberdade forçada, limitada de fora, decidida por alguém; a do consumismo é uma liberdade libertária, hedonista, achatada, que nos torna escravos do consumo e das coisas”, observou, sem deixar de concluir com a defesa de um conhecimento interligado com o amor, a humildade e um espírito comunitário e construtivo.
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