Tanto o papa Francisco como o bispo Antoine Audo falavam nas comemorações dos 500 anos da Reforma Protestante, que decorrem na Suécia, nas cidades de Lund e Malmoe.

Francisco participou no ato ecuménico organizado pela Federação Luterana Mundial, onde ouviu os testemunhos de quatro pessoas sobre as alterações climáticas, a situação na Colômbia e dos refugiados, e onde participou o bispo de Alepo, Antoine Audo.

O papa fez referência a Alepo, “uma cidade martirizada pela guerra, onde se desprezam e pisam os direitos mais fundamentais” e onde “as notícias mostram diariamente o indescritível sofrimento causado pelo conflito que dura há mais de cinco anos”.

Considerou “verdadeiramente heroico” que “no meio de tanta devastação, ali permaneçam homens e mulheres para prestar assistência material e espiritual a quem mais precisa”.

“É admirável também que tu, querido irmão, continues a trabalhar no meio de tantos perigos para contar-nos a dramática situação do povo sírio”, disse o papa Francisco, dirigindo-se ao bispo Audo.

O bispo sírio aproveitou para pedir a todas as pessoas de boa vontade que “não deixem que se destrua e fragmente a Síria”.

Antoine Audo levou o seu testemunho sobre os bombardeamentos em Alepo ao evento na Suécia, onde se encontraram católicos e luteranos e onde se assinou um acordo entre a Cáritas Internacional e a Federação Mundial Luterana para colaborar na ajuda à Síria e em outros projetos humanitários.

“A guerra que estamos a viver todos os dias na Síria, Iraque e Médio Oriente torna-nos testemunhas da destruição da nossa ‘casa comum’, da morte dos inocentes e dos mais pobres”, adiantou o bispo.

Audo explicou também que a “maioria dos hospitais está destruída e que cerca de 80% dos médicos deixaram a cidade de Alepo”.

“Na Síria, três milhões de crianças não vão à escola. A deterioração física e moral lê-se em cada rosto e especialmente no dos mais pobres e, entre eles, muitas crianças, adolescentes e idosos”, acrescentou, apontando que as escolas e as universidades são bombardeadas diariamente.

Pediu também aos “cristãos deste mundo, aos muçulmanos entre Oriente e Ocidente, às pessoas de boa vontade, que não deixem a querida Síria ser destruída e fragmentada”.

“Espero que a construção da paz ouvindo o mais pobre pode converter-se no pão de cada dia da humanidade e a inspiração divina para todas as religiões e crenças”, defendeu.

Disse ainda que no contexto de diálogo entre religiões, a “religião não deve ser um obstáculo para o encontro, mas antes respeito mútuo e atenção aos mais pobres, sejam cristãos ou muçulmanos”.