No vídeo, Francisco e Guterres aparecem lado a lado na Biblioteca do Vaticano, onde são realizadas audiências oficiais, enquanto leem uma mensagem de denúncia dos males do mundo e de apelo à paz e à união entre povos.
“Não podemos, nem devemos olhar para o lado perante injustiças, desigualdades, o escândalo da fome no mundo, da pobreza, das crianças que morrem porque não têm água, comida e os cuidados necessários. Não podemos olhar para o lado diante de qualquer tipo de abuso contra os mais pequenos”, diz o Papa, exprimindo-se em espanhol.
Na sua mensagem, Francisco também pede para que não se feche os olhos aos migrantes que, “por causa de conflitos e violência, miséria ou mudança climática, deixam os seus países e, muitas vezes, encontram um triste destino”.
O Papa também menciona a perseguição que, em várias partes do mundo, vitima fiéis de diferentes denominações religiosas.
Francisco acrescenta que “é imoral não apenas o uso, mas também a posse de armas nucleares, com capacidade destrutiva, e que até o simples perigo de um acidente representa uma ameaça sombria para a humanidade”.
O Papa pede que se fortaleça “o multilateralismo, no papel das organizações internacionais, na diplomacia, como instrumento de entendimento e compreensão, essencial para a construção de um mundo pacífico”.
Francisco também exorta os países a comprometerem-se a “reduzir as emissões de poluentes” e a ouvir “a voz de tantos jovens que nos ajudam a tomar consciência do que está a suceder hoje no mundo, pedindo-nos para sermos semeadores da paz e construtores, juntos e não sozinhos, de uma civilização mais humana e mais justa”.
Na sua intervenção, António Guterres apresenta o Papa como “mensageiro da esperança e da humanidade, para reduzir o sofrimento humano e promover a dignidade humana”.
“A sua clara voz moral brilha, quando fala da situação dos mais vulneráveis, incluindo os refugiados e migrantes, quando fala da pobreza e da desigualdade, pedindo desarmamento, construindo pontes entre comunidades e, é claro, destacando a emergência climática por meio de sua encíclica ‘Laudato Si'”, diz o secretário-geral da ONU.
Guterres explica que “entristece” testemunhar que algumas comunidades cristãs não podem comemorar o Natal com segurança, porque estão a ser perseguidas” e lamenta os judeus que são mortos em sinagogas e as suas lápides são pintadas com suásticas, bem como os muçulmanos “que são mortos a tiros nas mesquitas”.
Durante o encontro de hoje, segundo o Vaticano, Francisco e Guterres falaram sobre o projeto Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU, e da crise do multilateralismo, “particularmente evidente devido às dificuldades de resolver alguns problemas atuais, como a migração e tráfico de pessoas, a mudança climática e o desarmamento”.
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