Durante uma sessão extraordinária, transmitida em direto pela televisão estatal e na presença do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, os deputados aprovaram uma decisão que "obriga o governo a preservar a soberania do país, retirando o pedido de ajuda", informou o chefe do Parlamento, Mohammed al-Halbussi.
O Parlamento iraquiano reuniu, neste domingo, para decidir o destino dos 5.200 soldados americanos no seu território, que as fações pró-Irão dizem estar prontas para atacar, apesar das ameaças de Washington, que afirma ter selecionado 52 alvos no Irão para atingir "muito rapidamente e com muita força".
O Exército iraniano expressou dúvidas de que os Estados Unidos tenham "coragem" de cumprir a ameaça, segundo a agência oficial iraniana Irna. Ao mesmo tempo, uma maré humana acompanhava em Ahvaz, no Irão, aos gritos de "Morte à América", o cortejo fúnebre do general Qassem Soleimani no primeiro de três dias de homenagens nacionais.
Sábado à noite, após enormes manifestações em várias cidades do Iraque em homenagem a Soleimani, foguetes caíram na Zona Verde de Bagdad, onde está localizada a embaixada americana, e numa base aérea que abriga soldados americanos.
Nos últimos dois meses, dezenas de foguetes atingiram áreas onde diplomatas e soldados americanos estão localizados. Um funcionário americano terceirizado foi morto num desses ataques no final de dezembro, no que especialistas chamaram guerra por procuração entre o Irão e os Estados Unidos em solo iraquiano.
Mas após a morte de Soleimani, "já não é uma guerra por procuração, é uma guerra direta", assegura à AFP Erica Gaston, especialista em assuntos iranianos na New America Foundation.
E os pró-iranianos não agem apenas no terreno militar. No Parlamento iraquiano, acabaram por ter sucesso este domingo obtendo o que tentam alcançar há algum tempo: o pedido para a saída das tropas estrangeiras da coligação anti-jihadista liderada por Washington.
Por medo de represálias, a NATO suspendeu suas operações no Iraque e a coligação reduziu as suas operações, fortalecendo também a segurança das bases onde os americanos estão posicionados. Washington, por sua vez, anunciou o envio de 3.000 a 3.500 soldados adicionais à região.
A missão da NATO no Iraque treina as forças daquele país desde outubro de 2018, a pedido do Governo iraquiano, para impedir o regresso do Estado Islâmico (EI).
"A missão da NATO continua, mas as atividades de treino estão suspensas", disse este sábado o porta-voz da organização, Dylan White.
O porta-voz também confirmou que o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, conversou por telefone com o secretário de Defesa norte-americano, Mark Esper, após os recentes acontecimentos no Iraque.
A coligação ‘anti-jihadista’ liderada pelos Estados Unidos reduziu as suas operações e reforçou a segurança das suas bases no Iraque, disse hoje uma autoridade norte-americana à AFP em Bagdad.
No Parlamento iraquiano, a sessão era antecipada como uma das mais tensas de sua história: os pró-Irão já anunciaram que os ausentes e os que se opuseram à votação serão considerados "traidores da pátria", enquanto as minorias curdas e sunitas tentam salvar a presença americana que contrabalança a crescente influência do Irão no país.
No final da sessão, outro prazo foi estabelecido pelos pró-iranianos. As Brigadas do Hezbollah, a facção mais radical da Hashd, pediram aos soldados iraquianos que se afastassem "pelo menos 1.000 metros" dos locais onde soldados americanos estão presentes a partir das 14h00 GMT .
Uma ameaça que o secretário de Estado americano Mike Pompeo levou a sério o suficiente para denunciar no Twitter um apelo lançado por "bandidos".
A Hashd pediu aos seus combatentes que "se preparassem", enquanto um de seus líderes, Qaïs al-Khazali, trocou a sua veste de religioso pelo uniforme militar.
O líder xiita iraquiano Moqtada Sadr, temido pelos americanos durante a ocupação do Iraque de 2003 a 2011, reativou sua milícia.
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