Em entrevista à agência Lusa, a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, explica como o Parque Arqueológico e o Museu do Côa foram redefinindo o seu posicionamento, ao longo deste quarto de século, ganhando cada vez mais espaço do ponto de vista cultural, científico e ambiental, tanto a nível nacional como internacional.
O aniversário coincide com o ano em que foram batidos recordes de visitantes no Museu e no Parque Arqueológico, superando, até setembro, números dos anos anteriores, com a soma de mais de 70 mil entradas, e a confirmação do Museu como “epicentro da arte contemporânea” no interior do país.
Esta posição foi afirmada através de exposições temporárias que, conciliadas com o património ancestral do Museu e do Parque, reuniram, em Vila Nova de Foz Côa, nomes como Andy Warhol, Fernão Cruz, Gabriel Abrantes, Helena Almeida, Joaquim Rodrigo, Kiluanji Kia Henda, Mário Cesariny, Nikias Skapinakis, tendo em conta a primeira exposição coletiva de circulação da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, e mostras individuais como “Mapas da Terra e do Tempo”, de Graça Morais, patente no segundo semestre de 2022, e a atual “Rutura e Continuidade”, de Paula Rego, aberta ao público na sexta-feira.
“Esta efeméride é um marco histórico”, sublinha à Lusa a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho. “É um quarto de século” sobre a classificação, que se celebra, “havendo todo um legado histórico e sobretudo uma perspetiva de futuro para o Parque Arqueológico do Vale do Côa e para todos os equipamentos que o dinamizam”.
Segundo a responsável, a própria Fundação, o Parque Arqueológico e o Museu do Côa foram redefinindo o seu posicionamento, ganhando cada vez mais espaço nas agendas nacionais e internacionais, do ponto de vista cultural, científico ou ambiental.
“Estamos muito alinhados com a agenda internacional que acaba por impactar muito todo este projeto, havendo assim uma tendência muito positiva para os próximos 25 anos”, reforçou Aida Carvalho.
O Vale do Côa e os seus equipamentos deixaram de ser apenas um santuário mundial da arte rupestre ao ar livre para também se tornar no epicentro da arte contemporânea através de um conjunto de exposições temporárias que chamam a si nomes maiores da atualidade, e da arte portuguesa em particular.
Ao mesmo tempo, o auditório do Museu tem sido, nos últimos anos, palco de várias conferências e seminários internacionais, mobilizando investigadores, ao nível europeu e mundial.
“No Parque Arqueológico tempos as primeiras manifestações artísticas que pretendemos conciliar com as nossas exposições temporárias, apostando sobretudo na arte moderna e contemporânea, criando aqui uma relação entre o passado e o presente”, disse Aida Carvalho à Lusa.
Para a presidente da fundação, o Vale do Côa é já uma referência de visita quer para portugueses, quer para estrangeiras, na perspetiva de poderem partir à descoberta de mais de 30.000 de História da Humanidade.
“Neste momento temos quatro locais de visitação que são os núcleos de arte rupestre da Penascosa, Ribeira de Piscos, Canada do Inferno e Fariseu. O Museu do Côa é a porta de entrada neste território. Mas os verdadeiros museus são os sítios arqueológicos ao ar livre onde se encontram das primeiras manifestações artísticas da humanidade”, destacou.
O Museu do Côa e o Parque Arqueológico somaram 70 mil visitantes de janeiro a setembro deste ano, o que ultrapassa em 26% o total de 2022 e representa o melhor registo de sempre, disse a fundação à agência Lusa.
Nos primeiros nove meses de 2023, o Museu do Côa atingiu 54 mil visitantes e o Parque somou 16 mil, que incluem as 2.300 pessoas que visitaram o sítio arqueológico do Fariseu, aberto ao público no verão, segundo os dados avançados por Aida Carvalho à Lusa.
O Parque atingiu cerca de 16.000 pessoas, o que corresponde ao número de visitantes permitido, para controlo dos impactos ambientais no local, classificado Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1998.
Para 2024 está prevista a abertura de novos núcleos de arte rupestre no Vale do Côa, na Ribeira dos Piscos, além do núcleo da Quinta da Barca, em Castelo Melhor.
O Parque Arqueológico detém mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30.000 anos, e desde então expostas a adversidades climatéricas e geológicas.
Outra das ambições de futuro é a abertura da antiga linha ferroviária que liga o Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) a Barca d’Alva (Figueira de Castelo Rodrigo).
Um estudo de públicos elaborado pela Fundação Côa Parque, em parceria com o Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo (CiTUR), sobre a importância do comboio para o Museu, concluiu que a reabertura do troço ferroviário da Linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva poderá alavancar o número de visitantes, provenientes do litoral.
Aida Carvalho, quando avançou os resultados deste estudo à Lusa, em junho, destacou a importância da ferrovia para ampliar o projeto da Fundação e para a promoção do território, salientando a existência de uma antiga estação nas proximidades do Museu.
O estudo apontava ainda que 95,5% dos inquiridos deixou a garantia de que, se existisse um bilhete combinado com a viagem de comboio e a visita ao Museu, o compraria, enquanto 41,7% indicava que estaria disponível para pagar entre 14 a 16 euros por bilhete de comboio até Barca d’Alva.
A Linha Ferroviária do Douro liga atualmente a cidade do Porto ao Pocinho (171,522 quilómetros) e há vários anos é defendida a reabertura do troço de 28 quilómetros entre o Pocinho e Barca d’Alva, desativado em 1988
*Reportagem por Francisco Pinto, da agência Lusa
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