O primeiro-ministro apresentou ao Presidente da República a proposta de exoneração do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, a pedido do próprio.

Na primeira reação de partidos da oposição à demissão de Marco Capitão Ferreira, o líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, responsabilizou António Costa pela situação de “instabilidade” no Governo.

Defendeu, depois, que Marco Capitão Ferreira e o atual ministro dos Negócios Estrangeiros (ex-titular da pasta da Defesa), João Gomes Cravinho, “nunca deveriam ter entrado” neste executivo.

“O problema não é do capitão”, o secretário de Estado agora demitido, “o problema é do ‘general’ António Costa”, comentou Rodrigo Saraiva, considerando que “mais este episódio” justificou a oportunidade da moção de censura que foi apresentada pela Iniciativa Liberal ao executivo socialista de maioria absoluta.

“Estamos perante mais um caso que revela que o PS não aprende nem se arrepende”, disse, antes de se referir aos casos da derrapagem orçamental verificada nas obras do Hospital Militar de Belém e “da teia de corrupção no âmbito da Direção Geral de Recursos da Defesa”.

“Alberto Coelho, depois de ter sido demitido de diretor-geral, foi nomeado para a Empordef. E quem sugeriu o nome de Alberto Coelho para a Empordef? Foi Marco Capitão Ferreira. Tudo isto eram razões suficientes para que essas duas personalidades, João Gomes Cravinho e Mário Capitão Ferreira, não estivessem no Governo”, acrescentou Rodrigo Saraiva.

Na conferência de imprensa, o líder parlamentar da Iniciativa Liberal referiu que o secretário de Estado demissionário “já era bastante conhecido nos tempos dos governos de José Sócrates no plano do combate político”.

O PSD, pela voz do deputado Jorge Paulo Oliveira, defendeu que Marco Capitão Ferreira deve ir ao parlamento na próxima semana, como está previsto, sustentando que “seria do interesse do próprio” e do Governo dar explicações e que a “circunstância da demissão não dispensa o escrutínio de todos os atos que estão sob suspeita”.

O coordenador do grupo parlamentar social-democrata na Comissão de Defesa Nacional disse também que “não dispensa” explicações da ministra da Defesa, Helena Carreiras, caso a audição do secretário de Estado não aconteça ou se os sociais-democratas não ficarem satisfeitos com as explicações, bem como pedir explicações a “outros ex-membros do Governo se se impuser para a obtenção da verdade”.

O deputado lamentou que o Governo esteja “permanentemente envolto em questões internas” e considerou que “está a cair aos bocados e é incapaz de se focar na resolução dos problemas do país” e apelou ao primeiro-ministro que ponha “ordem na casa”.

Na mesma linha, o líder do Chega disse que a demissão hoje anunciada “não é inesperada e já devia ter acontecido”, considerando que Marco Ferreira já não tinha “condições de governabilidade” depois das várias polémicas que o envolveram.

Tal como o PSD, André Ventura disse esperar que esta demissão não tenha como objetivo “impedir que Marco Capitão Ferreira seja ouvido no parlamento”, depois de ter sido aprovado esta semana um requerimento do partido nesse sentido.

O presidente do Chega anunciou que o partido vai, desde já, acrescentar um pedido de audição da ministra da Defesa, questionando como entendeu que este secretário de Estado tinha condições para se manter no cargo, dado que o pedido de demissão terá sido feito diretamente ao primeiro-ministro.

Pelo BE, a deputada Joana Mortágua considerou igualmente esta demissão “um desfecho previsível” depois da sucessão de casos a envolver o secretário de Estado e aponta responsabilidades ao primeiro-ministro.

“O questionário que impôs aos membros do Governo era uma história para adormecer crianças, não resolve os problemas de fundo”, disse, criticando igualmente o excessivo recurso a consultorias externas por parte do Governo.

Finalmente, considerou que um executivo “em permanente gestão de casos e casinhos está demasiado distraído para governar o país”, e defendeu que, além da atual ministra, também o anterior ministro da Defesa e titular da pasta de Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, deveriam dar explicações, já que muitos dos casos remontam à época em que tutelava a Defesa.