Marina Gonçalves, deputada parlamentar do PS, afirma que o SNS já precisava de medidas de médio e longo prazo há muito tempo, mas que o atual Governo se tinha recusado a adotá-las.
Por sua vez, Paulo Núncio, deputado do CDS, referiu que, finalmente, "o Governo fez aquilo que se comprometeu a fazer", referindo o prazo de 60 dias dado por Luís Montenegro para apresentar um Plano com medidas para salvar o SNS.
Para o CDS esta é uma "excelente notícia" e o partido felicita a tomada de três medidas em particular, uma delas a decisão de avançar para novas unidades de saúde familiares tipo C. Paulo Núncio refere que a medida representa uma grande mudança estrutural, face ao que o Governo do PS fez durante oito anos, permitindo reduzir o número de portugueses sem médicos de família.
Paulo Muacho, deputado do Livre, disse que o programa "é só o início", já que, apesar das medidas tomadas, as carreiras dos profissionais de saúde continuam congeladas. O deputado explica que muitos dos problemas nas urgências e nas unidades de saúde são causados por problemas primários nos recursos humanos da saúde.
PS, BE, PCP, Livre e PAN criticaram hoje as medidas anunciadas pelo Governo para a saúde por considerarem que vão "canibalizar o SNS" e aumentar o investimento no privado, defendendo que a ministra assumiu que o plano de emergência falhou.
Em declarações aos jornalistas no parlamento depois de a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ter feito o balanço do Programa de Emergência e Transformação da Saúde, pelo PS, a deputada Marina Gonçalves viu nesta conferência de imprensa não um balanço, mas “sim um assumir de culpas daquela que foi uma expectativa” criada pelo Governo e que sabia que não podia concretizar.
Segundo a socialista, este programa falhou e a ministra da Saúde veio mostrar isso mesmo, considerando que “a resposta para o falhanço do plano é um agravar das condições do SNS”.
“Como solução para futuro aquilo que nos foi apresentado foi um conjunto de medidas que, em vez de resolverem o problema, vêm canibalizar o SNS, vêm investir no privado sem que haja uma única referência aos profissionais de saúde, ao investimento no SNS”, criticou.
Marina Gonçalves criticou que o Governo não tenha apresentado indicadores sobre tempos de espera, encerramento de urgências, partos em ambulância ou número de médicos de família.
“Aquilo que o Governo não quer assumir é que a estratégia e a prioridade definida de destruir o que estava feito, de criar um novo plano e de criar esta expectativa de que resolviam o problema só veio agravar aquele que é um vetor essencial do nosso estado social", condenou.
A deputada socialista afirmou que “nunca foi o PS que disse que os problemas na saúde se resolviam em três ou quatro meses” e que quem criou esta expectativa foi “este Governo, a ministra e o primeiro-ministro”.
Já o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, considerou que o SNS e o acesso à saúde pioraram, e “a situação está caótica”, acusando o Governo de ter precisamente esse objetivo.
“O Governo não tem a mínima vontade de melhorar o acesso à saúde, a condição de acesso dos utentes ao SNS, porque a estratégia do Governo é aumentar a transferência do SNS para o privado e aumentar as convenções com o privado e foi isso que hoje novamente a ministra anunciou”, argumentou.
O bloquista insistiu ainda em duas propostas do BE para fixar profissionais de saúde no SNS: aumentar os salários de todos os profissionais em 20% e garantir que os médicos que exercem no SNS em regime de exclusividade recebem mais 40%.
Pelo PCP, o deputado António Filipe considerou que a conferência de imprensa da ministra da Saúde “representa uma confissão implícita da incapacidade do Governo” em resolver os problemas do SNS “num quadro de profundo agravamento do serviço”.
Na ótica dos comunistas, o executivo anunciou “transferências financeiras para o setor privado, quer por via do aumento da comparticipação do Estado em ecografias a fazer pelos grupos privados, quer por via da abertura ao setor privado e social da criação das unidades de saúde familiar”.
O PCP defendeu a contratação de profissionais e a garantia de atratividade para estas carreiras, considerando que “sem isso, os problemas não se vão resolver”.
Na mesma linha, o deputado do Livre Paulo Muacho lembrou que o partido tem vindo a alertar que o programa do Governo “é um início da privatização do SNS” e considerou que é necessário perceber “qual o efetivo grau de concretização” de algumas medidas, como a realização de cirurgias.
“É verdade que ninguém esperava que em três meses o Governo resolvesse todos os problemas do SNS. Não se deveria estar à espera que o Governo os agravasse”, criticou o deputado, que também acusou a ministra de não ter vontade de negociar com os sindicatos.
Pelo PAN, a deputada única, Inês Sousa Real, defendeu que os anúncios do Governo são “mais uma mão cheia de nada” e considerou que, “mesmo as unidades de saúde familiar do tipo C, apesar de serem necessárias, não podem passar por uma privatização”, em vez de se investir no SNS.
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