Na apresentação da candidatura de Teresa Leal Coelho à Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Passos Coelho deixou esta nota de política nacional e salientou que, quando foi anunciada essa renegociação dos empréstimos, o PSD "chamou a atenção" para as consequências negativas que teria para os contribuintes.
Na terça-feira, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) concluiu que a revisão das condições do empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução bancário piorou as condições para o Estado, traduzindo-se num valor atualizado líquido negativo de cerca de 630 milhões de euros, valor que o líder do PSD considerou ser "conservador", dizendo que poderá ser o dobro.
"Ainda não se ouviu uma palavra de explicação sobre isto, é tão fácil estar no Governo, passar o cheque quando sabemos que não somos nós a pagar, são os outros. São os contribuintes, é um bocadinho a cada", ironizou Passos.
Por este motivo, explicou, o PSD apresentou hoje no parlamento um projeto que recomenda ao Governo que renegoceie as condições destes empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução, com o objetivo de "obrigar o parlamento a pronunciar-se sobre esta matéria".
"Sempre que alguma matéria incomoda é silenciada pelo governo e pela maioria, não querem que as coisas sejam faladas, assobiam para o lado", criticou, acrescentando que, quando for necessário pagar o cheque, "com sorte já ninguém se lembra quem o mandou passar".
A este propósito, Passos lamentou que haja quem entenda tal atitude como "prova de genialidade política" e fez uma referência implícita ao Governo socialista de José Sócrates.
"Tivemos vários génios políticos ao longo do tempo que mandaram passar o cheque até não haver dinheiro para pagar nada. Alguns estão hoje no Governo, na hora difícil ninguém os viu", criticou.
Passos Coelho defendeu outra maneira de estar na política, em que se explique quais são as opções do que se faz e do que se deixe de fazer.
"Não há negócios da China, ou não devia haver na política, na economia, no país, as coisas resultam sempre ou devem resultar de escolhas conscientes, não conseguimos ter tudo o que queremos, temos de escolher o que é prioritário", defendeu.
No projeto de resolução hoje entregue no parlamento, os sociais-democratas pedem ao Governo que renegoceie os empréstimos relativos ao Novo Banco e ao Banif acordados em 10 de fevereiro "em termos e condições que - na conjugação do prazo do empréstimo, escalonamento dos reembolsos de capital e taxa de juro - assegurem que o valor atualizado dos pagamentos de capital e juros dos empréstimos que o Estado recebe seja pelo menos igual ao valor emprestado pelo Estado".
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