“É uma ótima escolha [de pasta]. A escolha da doutora Maria Luís Albuquerque prestigia o país, prestigia a União Europeia, é um ativo extraordinário para a Comissão [Europeia] e está numa pasta importantíssima, numa pasta onde ela tem conhecimentos muito grandes do ponto de vista técnico e político”, disse Joaquim Miranda Sarmento, em declarações aos jornalistas portugueses em Bruxelas, à entrada para a reunião do Eurogrupo.

A posição surge a dois dias de Maria Luísa Albuquerque ser ouvida, também em Bruxelas, pelas comissões parlamentares dos Assuntos Económicos e Monetários, do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, com a audição parlamentar a ser um passo fundamental para a nomeação ter aval dos eurodeputados.

De momento, foram já dados outros passos, como a apresentação de declaração de interesses ou o envio de respostas escritas a perguntas destes parlamentares.

Nessas respostas, divulgadas há cerca de duas semanas, a comissária europeia indigitada por Portugal realçou a sua “profunda experiência” no setor público e o seu cargo “desafiante” de ministra das Finanças na crise financeira.

“Combino uma profunda experiência do setor público com um conhecimento profundo do funcionamento dos mercados financeiros e dos impactos das regras nacionais e da UE no terreno, que reforcei através do meu trabalho na Arrow Global, um prestador de serviços de gestão de crédito, e no Morgan Stanley, um banco mundial”, referiu Maria Luís Albuquerque, nas respostas escritas enviadas aos eurodeputados das comissões parlamentares dos Assuntos Económicos e Monetários, do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores e das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos.

Ainda no documento, Maria Luís Albuquerque apontou que a sua formação em economia e a sua passagem por entidades públicas “foram essenciais” para os “desafiantes cargos” de secretária de Estado do Tesouro e depois de ministra das Finanças, “numa altura em que Portugal enfrentava uma crise económica e monetária grave”.

No início deste mês, a comissão parlamentar dos Assuntos Jurídicos pediu mais informações em conformidade com o código de conduta dos membros do futuro colégio de comissários.

Em resposta, Maria Luís Albuquerque clarificou o seu trabalho na gestora de fundos Horizon e a propriedade de uma empresa com o marido na sua declaração de interesses, na qual garantiu não ter “interesses financeiros” que possam ser declarados ou dar origem a um conflito de interesses e que nem ela nem a sua família direta possuem “quaisquer obrigações, ações ou outros ativos ou passivos”, além de uma casa para residência ou de edifícios herdados.

Cabe à assembleia europeia decidir se aprova ou não o nome de Maria Luís Albuquerque e do restante colégio de comissários proposto e liderado por Ursula von der Leyen, que irá cumprir um novo mandato de cinco anos à frente da Comissão Europeia.

Na carta de missão, a líder do executivo comunitário pediu à comissária portuguesa indigitada que use a sua experiência para “desbloquear montante substancial de investimento” para União Europeia.

Aos 57 anos, a antiga governante portuguesa é uma das 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% para mulheres e de 60% de homens) do próximo executivo comunitário de Von der Leyen, agora sujeito a aval parlamentar, que tem como principal missão a competitividade económica comunitária.