"Quando nós avançámos com a análise de pátios e vilas de propriedade municipal, com o intuito de fazer a reabilitação profunda daquilo que é o património municipal classificado como pátio e vila, a primeira preocupação foi manter a memória histórica […] da Lisboa operária, da construção da cidade", disse hoje à agência Lusa a vereadora da Habitação da Câmara de Lisboa, Paula Marques.
Segundo a autarca, "mais do que dar uma nova imagem e uma nova cara aos pátios e vilas", a autarquia vai "fazer uma requalificação do espaço público, que é o espaço de convívio da população".
A Câmara de Lisboa fez um levantamento e identificou 33 pátios e vilas (de um conjunto de 61 de propriedade municipal) com potencial para serem requalificados.
Destes espaços, que serviram para alojamento de operários entre 1870 e 1930 e hoje em dia apresentam sinais de degradação, a autarquia vai começar por intervir num lote de sete, os mais necessitados.
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Este ano, avança já a reabilitação de quatro vilas - Vila Travessa de Paulo Jorge (em Belém), Vila Bela Vista (Beato) e vilas Elvira e Romão da Silva (Campolide) -, num investimento camarário de quase quatro milhões de euros.
O mesmo montante deverá ser aplicado no próximo ano, quando se intervir nos pátios do Beirão (Marvila), do Bastos (Estrela) e do Paulino (Alcântara).
Em todas, os trabalhos são semelhantes e assentam no espaço comum destas vilas e pátios, em aspetos como o pavimento, e na "reabilitação daquilo que são as fachadas, cobertura, empenas e casquilharias, provendo conforto térmico às habitações".
"Naquelas que são [casas] de propriedade totalmente municipal, é feita a requalificação interna […] nos vários fogos. E naquilo que é propriedade mista, fazemos requalificação da fachada e vemos, caso a caso, que necessidade de apoio terão os proprietários privados, mas a responsabilidade da intervenção é deles", precisou Paula Marques, que falava após uma visita às vilas Travessa de Paulo Jorge, Bela Vista e Romão da Silva.
"Pusemos uma componente extra, que é a questão da resistência sísmica", acrescentou.
A autarca sublinhou que a população que vive nestes pátios e vilas é bastante envelhecida, pelo que há o objetivo de dotar estas áreas de melhores condições de acessibilidade e de mobilidade, mas também fomentar o bom relacionamento entre vizinhos neste ambiente de proximidade.
No projeto está, por isso, incluída a "requalificação dos fogos devolutos para atrair arrendamento acessível e população jovem".
Paula Marques vincou que esta intenção do executivo municipal (de maioria socialista) contrasta com vontades políticas de mandatos anteriores: "Estes pátios e vilas estão sem requalificação há muitos, muitos anos. Há mais de duas décadas, seguramente, que não há intervenção e que não há destino dos pátios e vilas".
Questionada sobre a possibilidade de criar incentivos aos proprietários para reabilitar os espaços privados nestas vilas e pátios, Paula Marques referiu que a Câmara tem agora "mais terreno para equacionar" este apoio e adiantou que será feita uma discussão no executivo para criar regulamento com regras para intervir nestes locais.
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