Em declarações aos jornalistas na Universidade Católica Portuguesa, quando confrontado com a polémica dos custos do altar-palco previsto para o Parque Tejo, Manuel Clemente disse não poder adiantar mais sobre o assunto, “porque não foi da parte da Igreja que se fizeram estudos técnicos, foi da parte das pessoas a quem isso competiu”.

“Agora, tudo quanto se puder fazer para ficar mais económico, [deve sê-lo] desde que seja correto e capaz e que fique depois também ao serviço da população, e essa preocupação sempre houve, de que aquilo fique ao dispor da população”, disse o cardeal, enfatizando que é necessário tudo “ficar capaz, ficar correto, não ter que se emendar depois, que seja sóbrio, seja consistente e seja económico”.

Manuel Clemente assegurou, também, que a única informação de que dispunha sobre a reunião que esta manhã juntou a Câmara de Lisboa, a Fundação JMJ Lisboa 2023, a empresa Mota-Engil e a Sociedade de Reabilitação Urbana, para encontrar soluções alternativas para o altar-palco do Parque Tejo e do Parque Eduardo VII, era o comunicado emitido no final do encontro.

Questionado se também ele foi surpreendido com os custos do altar do Parque Tejo, o cardeal-patriarca disse que só poderia pronunciar-se “com exatidão se soubesse o que é que é preciso para que naquele sítio, com aquele tipo de chão, se possa fazer uma coisa correta e que dure, porque isso é o mais económico: uma coisa que não se estrague, que fique para utilização da população”.

“Mas eu, esses dados não tenho. São os técnicos que os têm”, acrescentou, reforçando, também a propósito do altar previsto para o Parque Eduardo VI: “tudo quanto se possa reduzir, desde que se cumpram os objetivos de fazer algo digno, que dignifique a cidade e também seja bom para a imagem de Portugal (…) é bom”.

Manuel Clemente sublinhou ainda que “desde o princípio, todas as autoridades do Estado, o Governo, as autarquias, todas consideraram que isto era bom para Portugal, que isto era bom para Lisboa, que era bom para Loures, que isto era muito significativo. E só por isso é que a Igreja avançou com um evento destes, porque se não tivesse havido esse consenso, não tinha avançado”.

O cardeal-patriarca falava poucas horas depois de ter sido realizada a reunião na Câmara Municipal, que contou com a participação de Carlos Moedas e Filipe Anacoreta Correia (presidente e vice-presidente da autarquia), Américo Aguiar (presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e bispo auxiliar de Lisboa), António Lamas (presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana), responsáveis da empresa Mota Engil e elementos das equipas de projeto da CML e Fundação JMJ Lisboa 2023.

A autarquia e a Fundação classificaram como “muito positivo” o ambiente em que decorreu o encontro, acrescentando que “as equipas técnicas vão continuar a trabalhar de forma empenhada para que no mais curto espaço de tempo seja possível apresentar novas soluções na sequência dos apelos” do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e do bispo auxiliar de Lisboa, Américo Aguiar.

A realização da reunião de hoje fora anunciada na noite de quarta-feira pelo bispo Américo Aguiar, no programa “Grande Entrevista”, na RTP3, durante o que, em cima da mesa, iria estar o valor e a dimensão do palco que vai ser construído no Parque Tejo, adiantando que, tudo o que não for essencial, vai ser eliminado do projeto.

“Vamos pedir aos técnicos que cortem tudo o que não é essencial” para a segurança e para o que é necessário para o evento, que, frisou, é o maior alguma vez feito em Portugal, envolvendo um terreno equivalente a 10 campos de futebol e que por isso o palco tem de ser mais alto.

O responsável disse que a Igreja nunca impôs nenhum palco, mas salientou que é necessário um palco com visibilidade e que nele caibam pessoas a concelebrar, o coro, os jovens e convidados.

Os custos da JMJ têm estado em destaque depois de ser conhecido que a construção do altar-palco do espaço do Parque Tejo (com nove metros de altura e capacidade para 2.000 pessoas), a cargo do município da capital, foi adjudicada à Mota-Engil por 4,24 milhões de euros (mais IVA), somando-se a esse valor 1,06 milhões de euros para as fundações indiretas da cobertura.

Além deste palco está previsto outro no Parque Eduardo VII, em Lisboa, com um custo até dois milhões de euros.

O bispo disse que esse palco está a ser estudado, que o que foi divulgado está em fase de estudos, que se está a trabalhar para um palco “o mais minimalista possível” e que nos próximos dias haverá uma decisão.

A JMJ tem um custo de quase 160 milhões de euros mas o bispo auxiliar disse na entrevista acreditar que esse valor não vai ser atingido. O orçamento da Fundação da JMJ ronda os 80 milhões de euros, 30 milhões deles para alimentação, explicou.

A JMJ, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

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