Esta posição consta uma nota de pesar hoje publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter lamentado a morte de Paula Rego em declarações aos jornalistas, em Braga.
"A maior homenagem seria podermos garantir, através de intervenções de organismos públicos e privados, que uma parte relevante do legado de Paula Rego ficará em Portugal, país onde não vivia há muito, mas que nunca abandonou", afirma o chefe de Estado nesta mensagem escrita.
Marcelo Rebelo de Sousa relata que quando visitou a "ambiciosa e impressionante retrospetiva de Paula Rego na Tate, em Londres", em julho do ano passado, "ficou decidido que acompanharia as versões dessa exposição em diversas cidades europeias".
"E assim aconteceu, primeiro na Haia, depois em Málaga, num percurso que desejavelmente poderia terminar em Portugal. Num diálogo que tinha já tido um ponto alto quando a visitei no seu atelier, em Londres, em 2016", refere.
Segundo o Presidente da República, em todas as cidades a exposição suscitava "a mesma reação, vinda de curadores, críticos, jornalistas, visitantes: a de que se trata de um dos universos mais fortes e singulares da arte contemporânea".
O chefe de Estado descreve a pintura de Paula Rego como "uma figuração convulsa, ao estilo britânico", à qual se juntava "um outro olhar, um outro imaginário, sombrio e opressivo, ou mítico e indomável, uma visão pessoal, naturalmente, mas uma visão portuguesa".
"E todas as aproximações à arte e à literatura universais não ficavam completas sem entendermos aquilo que era especificamente português nos quadros ou nos desenhos, fossem histórias infantis, memórias de juventude, arquétipos, traumas ou nostalgias", considera.
"Por isso, e porque Paula Rego foi, a par de Vieira da Silva, a nossa artista mais reconhecida internacionalmente, acompanhei-a pela Europa, mesmo que a própria já não pudesse viajar, e testemunhei o poder encantatório e perturbador da sua obra", acrescenta.
O Presidente da República apresenta à família de Paula Rego os seus "sentimentos de pesar e de gratidão", dirigindo-se em especial a Nick Willing, seu filho.
Marcelo pede que Estado e privados completem compra de obras feita pela Gulbenkian
O Presidente da República destacou hoje a recente compra de obras da pintora Paula Rego pela Fundação Calouste Gulbenkian, "mesmo no final da sua vida", e pediu que Estado e privados completem essa iniciativa.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas em Braga, a propósito da nota de condolências que hoje fez publicar, em que defende que a maior homenagem que se pode fazer à pintora é "garantir, através de intervenções de organismos públicos e privados, que uma parte relevante do legado de Paula Rego ficará em Portugal".
"Felizmente, nos últimos tempos, a Fundação Gulbenkian comprou talvez as obras mais significativas de Paula Rego. Isso foi feito mesmo no final da sua vida, sabemos hoje, por iniciativa de seu filho, Nick, e pela compreensão da então presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, doutora Isabel Mota", assinalou.
Em seguida, o chefe de Estado defendeu que "tudo o que se possa fazer, completando aquilo que a Gulbenkian já fez, mesmo relativamente a obras que não são as mais emblemáticas, para haver em Portugal no futuro o testemunho daquilo que foi uma vida riquíssima e uma projeção no mundo, deve ser feito".
O Presidente da República referiu que "uma parte das obras" de Paula Rego estão, "a título não definitivo, num museu que é o seu museu em Cascais", a Casa das Histórias.
"No futuro, quer o Estado, quer entidades privadas que o possam, devem trazer para Portugal ou manter em Portugal a título definitivo o maior número de obras da Paula Rego", acrescentou.
(Notícia atualizada às 19h15)
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