"Aquilo que o PCP quer afirmar é a necessidade de, independentemente das normas internacionais, do envolvimento, auscultação, opinião e intervenção do Estado português", disse o secretário-geral comunista, na sede nacional, em Lisboa.

O ministro português do Ambiente reúne-se hoje em Madrid com os responsáveis espanhóis do Ambiente e da Energia para discutir o problema depois de ter garantido que não participaria no encotnro, caso o executivo espanhol confirmasse a sua decisão, conhecida no final de dezembro, de construir um aterro, a 100 quilómetros da fronteira portuguesa.

"Deve haver uma avaliação, um acompanhamento, a troca de informações, não descurando o papel decisivo que o Governo tem de ter e que o [seu homólogo espanhol] tem de ter em conta. Como se admite que, a 100 quilómetros da nossa fronteira, seja construído um armazém desta perigosidade e fiquemos à margem do problema?", questionou Jerónimo de Sousa.

O líder do PCP declarou que "nem o povo português nem o Governo podem ficar à margem de um processo de grande sensibilidade com consequências ao nível transfronteiriço" até porque "a construção de um armazém de resíduos nucleares pode perspetivar o prolongamento de vida para além dos 40 anos da central nuclear de Almaraz".

O responsável governamental do Ambiente anunciou, na semana passada, que Portugal iria apresentar uma queixa junto da Comissão Europeia contra Espanha para contestar a decisão, que Lisboa considera desrespeitar diretivas comunitárias por não avaliar o impacto transfronteiriço da nova estrutura na central nuclear.

O parlamento português aprovou na sexta-feira, por unanimidade, um voto comum de condenação da opção de construir uma central de armazenamento em Almaraz, Espanha.