“Está também à vista que, para pôr o país a avançar a sério, para dar solução aos problemas acumulados, se exige uma outra política e um outro governo. A resposta estrutural aos problemas do país não se faz com o governo do PS nem com a sua atual política, amarrado às opções de política de direita”, afirmou Jerónimo de Sousa.
O secretário-geral comunista intervinha no comício de encerramento da 42.ª edição da Festa do Avante!, num discurso de 53 minutos, grande parte dos quais dedicados às questões económicas e de desenvolvimento do país.
Perante milhares de comunistas, no Palco 25 de Abril, Jerónimo de Sousa advertiu que "dar mais força ao PS é mais espaço à política de direita, andar para trás na defesa de reposição de direitos que só foram possíveis exatamente por o PS não ter a força que ambiciona".
Jerónimo de Sousa advertiu o PS de que “não vale a pena enfeitar-se com alguns dos avanços que foram alcançados nestes três anos”, avanços que valorizou, apesar de “limitados”.
O líder comunista sustentou que o “que se avançou” foi conseguido porque o PS “não tinha os votos, para, sozinho, impor a política de sempre”, e considerou que cativações e atrasos na regulamentação são alguns dos "expedientes" usados pelo governo PS para adiar, limitar ou mesmo não concretizar os "avanços" conseguidos.
“O secretário-geral do PS afirmou há dias que não há governo de esquerda sem o PS. O que os portugueses sabem é que sempre que o PS foi governo o que houve foi política de direita”, acusou.
Os recentes acordos com o PSD e a “sistemática convergência com o PSD e CDS nas questões estruturantes” confirmam que o PS se recusa a “concretizar” uma “ruptura com a política de direita” que o interesse nacional exige, argumentou.
Os três anos anteriores, disse, constituíram “um passo em frente, mas de limitado alcance para expurgar a causa essencial” dos “crónicos atrasos” e da manutenção dos graves problemas económicos e sociais.
Críticas ao CDS e ao PSD também pontuaram o discurso de Jerónimo de Sousa, que defendeu que, destes partidos, só há a esperar “retrocesso social”.
“A senhora Cristas veio dizer que há as esquerdas encostadas, bem podíamos dizer que, na matéria da legislação laboral, o CDS foi de peito aberto a acordar as alterações negativas” com o PS, criticou.
“Aqui é que eles se encostam para proteger a política de direita”, acusou.
Entre os principais problemas do país, Jerónimo de Sousa destacou que a “perspetiva do pagamento só em juros da dívida pública de 35 mil milhões de euros nos próximos cinco anos diz da imperiosa necessidade e urgência de procurar outro caminho”.
Um “grave problema que subsiste”, continuou, e que “um governo e uma política patriótica e de esquerda não pode ignorar” são as “imensas isenções e benefícios fiscais” que permitem a grandes empresas como a GALP, Jerónimo Martins ou REN, “receber dividendos através de empresas criadas no estrangeiro sem pagar impostos”.
Como “questão estratégica” que “continua ignorada como prioridade pelo governo minoritário do PS” é o “grave défice produtivo nacional” e o défice alimentar, um dos maiores da Europa.
O líder comunista contrariou a tese do PS de que “é possível dar solução aos problemas do país e assegurar o seu desenvolvimento submetido às imposições da União Europeia e do Euro e amarrados a uma dívida insustentável”.
“Nada mais falso”, acentuou, exigindo a “recuperação da soberania monetária” e a libertação do país “da subordinação ao Euro”.
Ao contrário do PCP, que disse ser um partido com “independência de classe, indestrutível e confiante”, Jerónimo de Sousa disse que há partidos que “aparecem e desaparecem, criam ilusões e desiludem” e “são promovidos e descartados”.
Aos que “não gostam do partido” e aos “inimigos figadais” dos comunistas, mas que mesmo assim “insistem em dar conselhos”, Jerónimo de Sousa respondeu que “era o que faltava”, apelando ao reforço do PCP nas eleições de 2019, legislativas, europeias e regionais da Madeira.
[Notícia atualizada às 21:05]
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