“A ação fascizante que se desenvolve há anos, que tem no racismo uma expressão, é hoje inseparável da promoção dada a forças reacionárias e populistas”, refere o partido, questionado pela agência Lusa.
Na ótica do PCP, “a situação exige uma intervenção determinada e firme de combate à intolerância e às ações de confronto com valores e princípios democráticos e com a própria Constituição da República”, e que seja "um combate para o qual todos, incluindo organizações diversas que intervêm com esse objetivo têm, a par com outros democratas, um papel a desempenhar".
Numa nota divulgada ao fim da tarde, o PCP acrescenta que "as campanhas e ações de intolerância e provocação que se têm registado nos últimos dias reclamam denúncia e combate, seja a exibição provocatória da extrema-direita junto a uma associação antirracista, sejam as campanhas infames contra o PCP, sejam as ameaças a organizações ou pessoas, nomeadamente deputados".
"Neste combate é necessário assegurar a convergência e a unidade e recusar o divisionismo e a calúnia", defende o partido, assegurando que "foi e é contra o racismo (como foi e é contra o colonialismo), não por uma questão de moda, mas por princípio e convicção".
Por isso, dizem os comunistas, "insinuar o contrário é insultuoso, tanto mais quanto recorrendo à mentira se procura atribuir ao PCP afirmações de ausência de racismo em Portugal que nunca foram proferidas".
"É essa ação pela democracia, esse combate ao racismo e à xenofobia que o PCP faz com toda a determinação e com a autoridade de décadas de intervenção política que o testemunham", continua o comunicado, que indica que o partido recusa "alimentar, em nome do combate ao racismo, a sua exacerbação e instrumentalização".
Para o PCP, "agir e animar a ideia de uma sociedade dilacerada por um conflito racial só serve para promover agendas da extrema-direita ou outras que contribuem para a sua ampliação".
As deputadas Joacine Katar Moreira (não inscrita), Beatriz Gomes Dias e Mariana Mortágua (BE) foram visadas num ‘e-mail’ com ameaças dirigido ao SOS Racismo, além do dirigente dessa associação Mamadou Ba e Jonathan Costa, da Frente Unitária Anti-Fascista, entre dez cidadãos.
O email em causa foi enviado na passada terça-feira, a partir de um endereço criado num ‘site’ de ‘e-mails’ temporários, para o SOS Racismo e é assinada por “Nova Ordem de Avis – Resistência Nacional”, a mesma designação de um grupo que reclamou, na rede social Facebook, ter realizado, de cara tapada e tochas, uma “vigília em honra das forças de segurança” em frente às instalações da SOS Racismo, em Lisboa, e que um dos dirigentes desta associação, Mamadou Ba, classificou como “terrorismo político”.
“Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e antirracistas incluídos nesta lista, para rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português”, lê-se no ‘e-mail’ em causa, a que a Lusa teve acesso.
Na mensagem eletrónica refere-se que se o prazo for ultrapassado “medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português”, e que “o mês de agosto será o mês do reerguer nacionalista”.
Comentários