“Esperaria que o meu adversário tivesse o mesmo foco e a mesma concentração no combate à direita. Simplesmente, não é isso que tem acontecido: o meu adversário interno tem preferido dirigir-me ataques, mais do que à direita”, afirmou Pedro Nuno Santos.
O ex-ministro das Infraestruturas falava aos jornalistas antes de iniciar uma reunião com as estruturas distritais da sua campanha à liderança nacional do Partido Socialista.
“Nós estamos concentrados exclusivamente em derrotar a direita e o PSD e é nesse cenário que trabalhamos”, sublinhou.
Em vários momentos da declaração, procurou demarcar-se neste ponto do adversário José Luís Carneiro, recordando que o atual ministro da Administração Interna já admitiu, se vier a liderar o PS, que seja viabilizado pelos socialistas um Governo do PSD caso este partido venha a ganhar, sem maioria absoluta, as eleições de 10 de março.
“O foco desta candidatura é derrotar a direita e não mais do que isso”, reiterou, defendendo a importância de um projeto político “que mobilize e continue a transformar Portugal”, para as pessoas poderem “viver melhor”.
Nesta disputa pela liderança do PS, a que se juntou no sábado uma terceira candidatura, apresentada pelo dirigente Daniel Adrião, importa sobretudo “falar do país e dar resposta à direita, que se prepara para juntar toda”, defendeu Pedro Nuno Santos.
Caso venha ser eleito secretário-geral, “o PS não vai ser muleta de ninguém”, vai antes “batalhar nestas eleições [legislativas] para conseguir ganhá-las”, assegurou.
Pedro Nuno Santos, deputado eleito por Aveiro, recordou que em 2015, sob a liderança de António Costa, o PS conseguiu “alargar a sua autonomia estratégica”, no contexto dos acordos parlamentares com os partidos à sua esquerda, BE, PCP e Verdes.
“Em 2015, António Costa derrubou muros à sua esquerda”, salientou.
Na sua opinião, o PS deve esforçar-se por manter essa autonomia estratégica para “não regressar a 2014”, como admitiu o seu adversário José Luís Carneiro, acusou.
Antes da vitória do PS nas legislativas de 2015, com maioria relativa, o partido “dependia quase exclusivamente ou de o maioria absoluta, ou do PSD, para poder governar”, enfatizou o também antigo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que nessa qualidade coordenou os entendimentos do PS com os partidos à sua esquerda na Assembleia da República.
“Se há alguém que sabe como garantir a autonomia estratégia do PS sou mesmo eu, que estive no centro da coordenação durante os primeiros anos da chamada 'geringonça'”, acentuou.
Nesse período, acrescentou, “a minha função era garantir que os Orçamentos [de Estado] passavam, mas também que eles respeitavam a matriz fundamental de valores e o programa do PS”, o que “foi conseguido com sucesso”.
“Foram quatro anos de estabilidade, de avanço económico e social e em nenhum momento se pôs em causa qualquer compromisso internacional ou europeu do país, e em que se cumpriu o desígnio das contas certas”, realçou ainda o candidato à sucessão de António Costa na liderança dos socialistas.
As eleições diretas para o cargo de secretário-geral estão marcadas para 15 e 16 de dezembro, devendo o congresso decorrer nos dias 5, 6 e 7 de janeiro.
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