Pedro Nuno Santos afirmou que o Governo "acha que baixar o IRC é a 'bala de prata' para a economia" e por isso está aproximar-se dos ideais dos partidos de direita.

O socialista sublinha que o "pacotão" para a economia é uma aproximação ao Chega, em particular no IRS Jovem que aquele partido de extrema-direita pretende que seja aplicado até aos 40 anos.

O líder do PS considerou hoje que o antigo primeiro-ministro do PSD Cavaco Silva deve ser “um dos desiludidos com o chamado pacotão” para a economia, acusando o Governo de não ter visão estratégica para o desenvolvimento económico.

No encerramento das jornadas parlamentares do PS, Pedro Nuno Santos fez um discurso muito crítico das principais medidas de um Governo do PSD/CDS-PP “com pouco mais de 3 meses” que, apesar de sofrer “de desgaste”, aquilo que apresentou de novo “revela o que de mau querem fazer ao país”.

Um dos alvos do líder do PS foi o pacote para a economia apresentado a semana passada pelo Governo. O líder socialista recorreu a políticas económicas do antigo primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva para atirar a Luís Montenegro.

“Deve ser, quase tanto como nós, um dos desiludidos com o chamado pacotão que foi apresentado ao país”, afirmou.

Esta ideia de Pedro Nuno Santos foi explicada com uma viagem no tempo com 30 anos quando Cavaco Silva, “e bem” segundo o socialista, “pediu um estudo que quase todos os economistas conhecem e quem não é economista lembra-se”, referindo-se ao relatório Porter.

“Esse relatório teve consequências na economia portuguesa de sucesso e é um relatório que aliás foi transversal a diferentes governos porque ele foi estando traduzido nas políticas públicas de apoio à economia por diferentes governos: PSD e PS”, disse.

Lembrando que nesse relatório foram identificados setores “onde o país tinha competências e se apoiados podiam escalar” como o têxtil, vestuário, calçado, vinho, o secretário-geral do PS enfatizou a capacidade que Portugal teve de se “transformar com sucesso”.

“Porque houve opções claras num tempo em que havia um governo liderado por Cavaco Silva, que aliás escreve um artigo recentemente onde volta a defender a necessidade de haver uma estratégia de política industrial”, enfatizou, justificando com isso a ideia da desilusão com o pacote da economia.

Pedro Nuno Santos referiu que se dizia que os governos do PS eram “bons a comunicar”, mas foi o executivo de Luís Montenegro que conseguiu “passar para a comunicação social que tinham apresentado um pacotão” para a economia.

“Ficou claro nessa apresentação das 60 medidas algo que é muito preocupante: é que quem governa Portugal neste momento não tem a menor estratégia, a menor visão estratégica para o desenvolvimento da economia nacional”, criticou, considerando que o PSD/CDS-PP não sabem como se transforma “o perfil de especialização da economia portuguesa”.

PS viabiliza orçamento mas PM "desafia para a apresentação de uma moção de censura"

“No mesmo dia em que a líder parlamentar [Alexandra Leitão] usa a palavra viabilizar [o Orçamento do Estado], o líder do Governo, o primeiro-ministro ameaça com eleições, desafia para a apresentação de uma moção de censura”, criticou Pedro Nuno Santos no encerramento das jornadas parlamentares, em Castelo Branco.

De acordo com o secretário-geral do PS, é o Governo que tem que “apresentar um orçamento até outubro e se há partido que tem sido fustigado” com o tema é o PS.

“No dia em que o PS fala em viabilizar, disponibiliza-se para viabilizar, aquilo o que o primeiro-ministro tem para fazer, em vez de ser abraçar a disponibilidade do PS para construir uma solução comum, aquilo que temos do primeiro-ministro são ameaças de eleições”, criticou.

A líder parlamentar socialista tinha avisado na segunda-feira que se a margem negocial do Orçamento do Estado “vier fechada” por medidas como o IRC ou IRS jovem fica “mais difícil” o PS viabilizá-lo, exigindo ter uma “palavra significativa” no documento.

O presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou na véspera que, se o PS estiver a fazer jogo sobre a negociação do Orçamento, então tenha a coragem de deitar abaixo o Governo.

*Com Lusa