Pedro Siza Vieira defende que é preciso “um esforço muito grande para melhorar as condições de remuneração e as condições de trabalho” em Portugal. O ministro da Economia acredita que tal não só é uma exigência “saudável” de uma população mais qualificada, como “indispensável” para a produtividade das empresas.

“Só com recursos humanos melhor tratados se pode aumentar a produção”, afirmou o governante aos jornalistas, à margem da apresentação dos “Vinhos Alumni”, esta quinta-feira na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Siza Vieira reconhece que o “país está todo com dificuldades de contratação da mão de obra de que necessita”, mas olha para isso como um sinal positivo de que, apesar da “crise muito grande por causa da covid-19”, a economia portuguesa está hoje “num momento muito pujante”.

“Temos neste momento níveis de desemprego dos mais baixos de sempre, a taxa de subutilização do trabalho é a mais baixa também e nunca tivemos tantas pessoas a trabalhar em Portugal. Isso já está a determinar também um aumento de salários.”

Ainda assim, “o problema que se sente no setor agrícola e na região do Douro sente-se em muitos setores em praticamente todas as regiões do país”, referiu o ministro, que afirmou ser necessário “um esforço para atrair pessoas” para Portugal.

“É muito importante que possamos ter propostas interessantes para os portugueses que partiram e que neste momento estão a beneficiar outros países europeus e mundiais com o seu trabalho; e que também saibamos acolher pessoas que venham de outros lados.”

Questionado sobre o estado dos ordenados em tempo de subida dos preços, Siza Vieira lembrou que “o governo apresentou a sua proposta de aumento do salário mínimo aos parceiros sociais, temos uma reunião marcada para a sexta-feira da próxima semana e, depois, o governo definirá o montante do salário mínimo em função da trajetória que tinha definido no início da legislatura [2019]”.

Para além disso, o ministro afirmou que “o salário médio também está a subir”. Siza Vieira disse que, desde 2015, este “aumentou significativamente”, apontando para um aumento de 16%. “Estamos também a assistir, já em 2021, a uma subida dos salários.”

“As dificuldades de contratação de mão de obra estão a justificar um aumento dos salários — e isso é positivo”, sublinhou. “A ambição que temos é de aumentar a percentagem da riqueza produzida em Portugal que vai para as remunerações do trabalho.”

Pedro Siza Vieira acredita que tal não apenas permite “dar melhores perspectivas de vida a uma população que cada vez mais é qualificada”, mas, ao mesmo tempo, “reter aquilo que é tão importante para a nossa economia que é o talento e os recursos humanos qualificados.”

Inflação: aumentos parecem ser “temporários”

Pedro Siza Vieira acredita que o atual período de inflação “parece ter mais características de um crescimento temporário dos preços.” Questionado sobre se concorda com Mário Centeno que disse esta quinta-feira que “a inflação permanece ainda um fenómeno temporário”, Pedro Siza Vieira respondeu que é “só o ministro da Economia”.

“Mário Centeno, além de um grande economista, é o governador do Banco de Portugal, que tem a responsabilidade de fazer projeções e previsões económicas; partilha a opinião da senhora presidente do Banco Central Europeu — portanto, eu tenho, obviamente, de reconhecer essas avaliações”, explicou o governante.

Pedro Siza Vieira diz que essas indicações “parecem ser consistentes com os motivos que explicam o crescimento dos preços a que estamos a assistir: estamos a ver um crescimento do preço das matérias primas e dos combustíveis, que são questões momentâneas que têm a ver com um grande crescimento da procura que não é acompanhado do lado da oferta.”

“Do ponto de vista dos fundamentos económicos, parece ter mais características de um crescimento temporário dos preços”, disse, acrescentando: “quem tem de fazer previsões não sou eu”.

Aos empresários, o ministro reforça a mensagem de que os aumentos “são temporários”. “Como já estamos a ver ao nível dos preços do petróleo, que já estão a estabilizar ou mesmo a reduzir, não apenas no imediato, mas também nas perspetivas de futuros”, exemplificou.

“Por outro lado, o governo tem estado a fazer um esforço grande para amortecer o crescimento de alguns preços indispensáveis: na eletricidade fizemos um grande esforço para reduzir o custo no próximo ano, quer para os produtores domésticos, quer também para os produtores industriais; e no sentido de amortecer os custos para os transportadores de passageiros ou de mercadorias com apoios reforçados.”

“Mais uma vez, estamos a atravessar circunstâncias em que temporariamente temos algumas dificuldades”, admitiu o governante. “Habituámo-nos a isto no último ano e meio, ultrapassámos com sucesso a crise causada pela ausência de clientes e agora também vamos seguramente ultrapassar com sucesso estes próximos tempos.”

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