“Saímos muito confortáveis e entusiasmados com o interesse e o conhecimento que o senhor Presidente da República tem relativamente aos nossos territórios e à necessidade, à indispensabilidade de termos de implementar este programa de ação num território homogéneo e que tem um conjunto de características e especificidades que carecem e merecem ser trabalhados”, afirmou o presidente da Câmara de Penela, no final do encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa.
Luís Matias estava acompanhado dos presidentes das câmaras de Castanheira de Pera, Alda Correia, de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, de Góis, Maria Castanheira, de Pedrógão Grande, Valdemar Gomes, da Sertã, José Nunes e do vice-presidente da Pampilhosa da Serra, José Custódio, municípios da região centro também afetados pelos grandes incêndios de junho.
O presidente da Câmara de Penela, no distrito de Coimbra, foi o porta-voz dos restantes autarcas e explicou em que é que consiste o Plano de Revitalização do Pinhal Interior, o qual esteve em consulta pública até à semana passada e que já havia sido apresentado ao Governo.
"O programa encontra-se estruturado em quatro eixos. Um primeiro, de ordenamento do território e da floresta, do espaço florestal. Um segundo, de relançamento da economia e diversificação da base económica local. Um terceiro eixo ligado a novos modelos de gestão e prevenção estrutural. Um quarto, que para nós também é muito crítico e importante, que tem a ver com novos modelos de governação, mais territorializados naquilo que é a necessidade de termos os órgãos de decisão mais próximos do terreno”, contou Luís Matias.
O autarca de Penela sublinhou que os incêndios da última semana, nas regiões norte e centro do país, que deflagraram no dia 15 e que provocaram, pelo menos, 45 mortos e cerca de 70 feridos, demonstram que é urgente agir.
“Eu acho que ela [tragédia] vem adensar, ainda mais, a necessidade e a emergência de atuarmos sobre estes territórios para que não tenhamos de passar por isto todos os anos e que os incêndios florestais não sejam uma inevitabilidade, nem para o país nem para os portugueses. E que todos os portugueses que escolhem viver, trabalhar ou investir nos nossos concelhos, não sintam isso um ato de resistência”, vincou Luís Matias.
O autarca de Penela disse que haverá várias linhas de financiamento para execução do Plano de Revitalização do Pinhal Interior, desde o quadro comunitário de apoio até ao Orçamento do Estado.
“Essa é a perspetiva que nós agora temos: nas próximas semanas desenvolver com o Governo um cronograma da ação e um plano de financiamento para cada uma das medidas que identificámos”, relatou Luís Matias.
Questionado sobre o valor necessário para implementar o plano, o presidente da Câmara de Penela disse não ter essa previsão, mas avisou que os 180 milhões de euros apontados anteriormente pelo Governo podem não ser suficientes face aos incêndios da última semana.
“Não temos essa previsão [de investimento]. Foi apontado pelo Governo um valor de 180 milhões de euros para o Programa de Revitalização do Pinhal Interior, ao tempo [após os incêndios de junho]. Naturalmente que temos de perceber que as circunstâncias mudaram nos últimos dias, com os incêndios na região centro. Portanto, temos de perceber quanto é que é possível de acomodar para que a implementação deste programa seja um facto”, salientou Luís Matias.
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios, provocou, segundo a contabilização oficial, 64 vítimas mortais e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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