No encerramento do debate marcado potestativamente (de forma obrigatória) pelo PSD que decorreu hoje à tarde na Assembleia da República, o líder parlamentar social-democrata, Luís Montenegro, disse que, por um lado, o partido ficou satisfeito porque "escrutinar as decisões políticas é um dos principais objetivo da função parlamentar", mas reconheceu também estar "atónito".

"Creio que não merece sequer resposta querer dizer que este debate é um debate menor ou é um equívoco. Estou atónito pela desvalorização que muitos grupos parlamentares aqui fizeram sobre a tragédia que aconteceu", lamentou.

A acusação de que este debate tinha sido um equívoco da parte de quem o promoveu tinha partido do deputado do PS Jorge Lacão, que criticou que o PSD "nada queira saber sobre o esforço de reconstrução" das zonas afetadas pelo incêndio e tenha trazido "no essencial conversa de ouvir dizer".

"Não deixa de ser estranho - se é que ainda nos podemos admirar - que tendo o PSD tomado a iniciativa deste debate, supostamente em nome da preocupação no apoio às populações, no momento em que se deve falar das ações positivas que estão a ser desenvolvidas no terreno em todas as frentes, não tivesse uma única questão para colocar ao Governo precisamente sobre aquilo que mais importa", condenou o socialista.

Luís Montenegro pediu respeito por aquela que é a escolha do PSD: "é não silenciar, é dar tranquilidade, é instar o Governo".

"O Governo não está numa situação confortável. Nós sabemos disso. Impõe-se que haja decisões, impõe-se que haja respostas, impõe-se que as pessoas por este país fora possam retomar uma ideia de normalidade", reivindicou.

O líder parlamentar do PSD acrescentou ainda estar atónito "com aqueles que teimam em querer desviar a atenção das respostas que o país exige para debater a reforma da floresta, para querer intoxicar o debate de maneira a que não se responda ao essencial".

Luís Montenegro começou a subir o tom quando falou da ausência de resposta necessária dos serviços de saúde durante a tragédia e respondeu à bancada comunista: "o senhor deputado João Oliveira teve o desplante de imputar ao anterior Governo a falta de meios e a coordenação de meios".

"Não brinquemos com coisas sérias. Hoje há um Governo que tem que assumir responsabilidades e há grupos parlamentares que apoiam esse Governo que também têm que assumir as suas responsabilidades", defendeu.

Com os ânimos exaltados, o líder parlamentar do PSD voltou a dirigir-se a João Oliveira: "estou mesmo para não lhe dizer que não lhe admito que diga que isto é miséria política. Sabe porquê? Eu imagino aquilo que os senhores diriam se estivéssemos em situação contrária hoje".

Montenegro admitiu que "cada um escolhe aquilo que é prioritário na sua ação política" e que respeita, "embora não compreenda", que "queiram estar agora concentrados na reforma da floresta".

"Estamos aqui hoje para dizer que ajudaremos o Governo, ajudaremos os grupos parlamentares, mas não podemos ignorar que há tranquilidade que é preciso devolver ao país, há confiança no Estado que nos compete a todos salvaguardar", concluiu.