O referido jornal deu a conhecer uma lista elaborada pelas autoridades iranianas em que 25 manifestantes são acusados de “travar uma guerra contra Deus”, acusação que, segundo a lei iraniana, é punível com a morte.

Na lista dos 25 acusados está o ‘rapper’ Mohsen Shekari, que foi executado na quinta-feira de manhã, acusado de agredir um segurança com uma arma, incitar ao terror e bloquear uma autoestrada.

As autoridades judiciais iranianas já anunciaram que novas execuções serão realizadas, enquanto grande parte da comunidade internacional e os setores nacionais mais críticos, como o próprio Etemad, pedem às autoridades que revejam as sentenças e evitem novas execuções.

A morte de Shekari já atraiu forte condenação no país e no exterior, embora líderes políticos iranianos, incluindo o Presidente Ebrahim Raisi, tenham descrito a execução como uma resposta legítima à agitação em todo o país.

Os manifestantes ameaçaram agir em resposta e espalharam a mensagem “Esperem pela nossa vingança” nas redes sociais. Enquanto isso, internacionalmente, a população iraniana também anunciou novos protestos antigovernamentais ao longo do fim de semana.

O Irão é palco de protestos desde meados de setembro, quando Mahsa Amini, uma jovem curda, morreu sob custódia da polícia após ser presa por não usar o véu adequadamente e violar os códigos de vestimenta islâmicos.

Desde então, enquanto ocorriam as mobilizações, as autoridades reprimiam-nas violentamente, ganhando assim novas sanções da comunidade internacional por questões relacionadas aos Direitos Humanos.

No entanto, de Teerão não consideram que estão a dar argumentos para as mobilizações e acusam os “inimigos” do Irão e os “mercenários” de estarem por detrás dos protestos massivos.

As autoridades consideram que a maioria dos iranianos continua a apoiar o sistema islâmico.

Em quase três meses de protestos, morreram mais de 500 pessoas e pelo menos 15.000 foram detidas, segundo a ONG Iran Human Rights.

As autoridades iranianas estimaram em 300 o número de mortos, 50 dos quais membros das forças de segurança do país.

Após quase três meses de contestação social, foi anunciada, de forma algo confusa, a dissolução da polícia da moralidade, responsável pela detenção e morte de Amini, mas o anúncio não acalmou a situação, agora agravada pela execução do primeiro manifestante.

Além disso, o desaparecimento das patrulhas dessa força policial não implicou o fim das leis que impõem o uso obrigatório do véu e outras normas sociais rígidas no país.

Tudo parece indicar que apenas mudarão os métodos utilizados para garantir o cumprimento de tais leis, cujas infrações, como por exemplo “o mau uso do hijab”, passarão a ser punidas com multas e até dois meses de prisão.