No dia em que a petição 'Pela reposição do poder de compra de todas as pensões', subscrita pela Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI) é discutida em plenário na Assembleia da República, os pensionistas decidiram concentrar-se em frente à Assembleia da República.

Empunhando cartazes com palavras de ordem como “Pela qualidade de vida, valorização das pensões” ou “Repor o poder de compra das pensões”, os participantes na iniciativa da MURPI reclamam que “seja possível viver com alguma dignidade”.

Em declarações à agência Lusa, a presidente da MURPI, Isabel Gomes, adiantou que a concentração de hoje surge devido à perda do poder compra dos reformados, afirmando que “tudo vem sendo bastante mau”.

“Estamos aqui, porque um grupo de [35] peticionários apresentou um documento para a reposição do poder de compra de todos reformados e por um cabaz de compras com preços acessíveis para as reformas entre 380 e 600 euros”, disse.

Segundo Isabel Gomes, há pensionistas que têm dificuldades em adquirir bens alimentares, pagar a eletricidade, bem como a renda da casa.

“A única coisa que nos resta é que acreditamos que temos condições para mudar”, realçou, indicando que os reformados também “gostam da cultura” e precisam de distração.

Questionada sobre se tem havido diálogo com o Governo, Isabel Gomes referiu que não existe, acusando o Executivo do PS de não se lembrar dos reformados.

“(…) Existe muita coisa, mas reformados… Eles não se lembram de nós”, apontou, acrescentando que “quem luta pode alcançar ou não [os objetivos], mas quem não luta perde sempre”.

Por sua vez, Almerinda Bento, professora aposentada, disse que é que “preciso ter noção” de que as pessoas presentes na concentração de hoje fazem “parte de um leque imenso” de um grupo social que está a viver com dificuldades. Essas pessoas “estão a viver num mundo que muitas vezes as esquece, (…) é preciso que as pessoas tenham noção da necessidade de estarem na rua para estar contra um Governo de maioria absoluta que acha que pode fazer aquilo que quer”, sublinhou a docente, membro do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL).

Para Almerinda Bento, a cidadania tem de vir para a rua, porque a “democracia tem de demonstrar a sua força e a sua voz”.

Solidária com todos os reformados, a antiga docente recordou que – apesar de “não ser o melhor exemplo” – um professor que entre na reforma antes do tempo “leva um corte muito grande” na pensão.