De acordo com o estudo “Uma análise microeconómica do investimento das empresas portuguesas entre 2006 e 2017″, no que se refere à taxa de picos de investimento, “os valores pré-crise, que oscilavam entre 27% e 37% dependendo do setor [de atividade], não voltaram a ser recuperados, oscilando agora entre 16% e 23%”.
“Há assim menos empresas a realizarem investimentos de peso, face ao seu ‘stock’ de capital inicial”, indica o estudo hoje divulgado no Boletim Económico, que tem em consideração três períodos, o primeiro corresponde aproximadamente aos anos anteriores à crise económico-financeira (2006-2009), o segundo ao período recessivo que se lhe seguiu (2010-2013) e o terceiro aos anos de recuperação da economia (2014-2017).
De salientar que os picos de investimento são medidos por uma taxa de investimento superior a 20%, correspondente ao quociente entre o investimento num determinado ano e o ‘stock’ de capital no início desse ano.
Também ao nível das taxas médias de investimento, o estudo do Banco de Portugal mostra que não recuperaram quando a economia voltou a um ciclo de expansão, verificando-se que um terço das empresas na indústria e metade das empresas na construção não investiu nos anos entre 2014 e 2017.
“A intensidade da diminuição do investimento variou conforme os setores, tendo sido relativamente menor na indústria transformadora e particularmente forte na construção”, indica o Banco de Portugal, acrescentando que “a recuperação durante a retoma da economia é visível em todos os setores, mas, em 2017, os níveis permanecem visivelmente abaixo do período pré-crise na construção, nos serviços de comunicação, administrativos e de consultoria e, em menor grau, no comércio, alojamento e restauração”.
O mesmo estudo aponta o “forte grau de concentração” do investimento em Portugal.
“Em média, o investimento das empresas no último percentil representou aproximadamente dois terços do total na indústria transformadora e no comércio, alojamento e restauração, cerca de três quartos na construção e nos transportes e 90% nos serviços de comunicação, administrativos e de consultoria”, lê-se no documento.
Uma outra conclusão é que as empresas jovens, criadas entre 2006 e 2017, têm evidenciado menos dinamismo na fase de expansão da economia (2014-2017) do que as empresas incumbentes, criadas antes de 2006 e ainda ativas em 2017, “apesar de alguma heterogeneidade setorial”.
Além disso, o mesmo estudo conclui que “a taxa de investimento apresenta um decaimento contínuo ao longo da vida das empresas, com menor intensidade à medida que estas envelhecem”.
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