“Tenho 20 anos de vida pública, estou completamente habituado a este escrutínio, é saudável, deixemos a justiça funcionar”, disse aos jornalistas Pinto Luz, numa curta resposta nos passos perdidos do parlamento.
O então vice-presidente da Câmara de Cascais assegurou ainda estar “completamente tranquilo”.
As suspeitas que levaram a buscas na Câmara de Cascais, relacionadas com uma fábrica de máscaras cirúrgicas para a covid-19, podem configurar crimes de corrupção passiva e ativa, prevaricação e abuso de poder, informou na quarta-feira o Ministério Público.
As buscas realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) na Câmara de Cascais tiveram início durante a manhã de quarta-feira e terminaram pouco depois das 15h30.
O presidente da Câmara, Carlos Carreiras (PSD), afirmou não estar surpreendido com as buscas e explicou que decorrem de um relatório que o Tribunal de Contas elaborou na sequência de inspeções feitas à fábrica de máscaras.
O autarca referiu ainda que a Câmara de Cascais contestou o relatório por considerar que “não havia nenhuma irregularidade”, afirmando que é isso “que vai ser apurado” com estas buscas.
Carreiras disse estar “de consciência tranquila” e assumiu-se como o único responsável em todo o processo da fábrica de máscaras, desresponsabilizando o seu então vice-presidente, Miguel Pinto Luz (atual ministro das Infraestruturas e Habitação), bem como os restantes vereadores.
O social-democrata revelou ainda que, além da câmara municipal, a PJ estava a fazer buscas a meios informáticos do Edifício São José, onde funcionam os serviços de Urbanismo do concelho, no Cascais Center e na empresa municipal que geriu o processo de comunicação relacionado com as máscaras.
O município lançou em junho de 2020 a produção própria de máscaras cirúrgicas de proteção individual destinadas à população, com equipamento oriundo da China, abastecendo igualmente outros municípios.
A Polícia Judiciária (PJ) recolheu, também na quarta-feira, documentação na sede do PSD, em Lisboa, no âmbito de um processo relacionado com a campanha à presidência do partido, que abrange também a empresa municipal Cascais Próxima.
Segundo o Ministério Público, não existem arguidos constituídos neste processo, encontrando-se a investigação em segredo de justiça.
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