A proposta foi hoje apresentada em conferência de imprensa na Covilhã, distrito de Castelo Branco, e será remetida para o Governo com o objetivo de que a primeira parte já seja contemplada no Orçamento do Estado (OE) para 2020.
"Nós somos pela abolição mas admitimos que essa abolição seja feita de forma faseada, quantificada e com um calendário muito bem definido. Para 2020, entendemos que era importante formalizar algo de mais concreto, referiu Luís Garra, da União de Sindicatos de Castelo Branco.
Segundo apontou, esta estrutura que tem lutado contra as portagens nas antigas vias sem custos para o utilizador (Scut) quer manter uma posição de diálogo e está "disponível" para analisar a medida com o Governo e para procurar uma forma de ultrapassar eventuais entraves burocráticos.
Sublinhando que a plataforma não abdica da abolição total até ao fim da legislatura, reiterou que a proposta para o próximo ano "pode e deve ter acolhimento", até porque é essencial para promover a coesão territorial.
Este responsável frisou igualmente que as portagens são "um verdadeiro entrave para o desenvolvimento do interior" e mostrou-se esperançado de que o primeiro-ministro seja "consequente" com as palavras proferidas na campanha para as eleições legislativas, durante a qual afirmou que o país tinha uma dívida para com o interior.
“Uma dívida que tem de começar a ser paga, nem que seja a prestações”, como destacou José Gameiro, da Associação Empresarial da Beira Baixa.
Os representantes das diferentes entidades que compõem a plataforma também lembram as recentes declarações do ministro da Economia e da ministra da Coesão Territorial sobre o tema e esperam que os sinais positivos que foram transmitidos se confirmem.
"Percebemos que estas e outras medidas precisam de algum contexto para serem tomadas (...), mas estou convencido que é desta que nós vamos conseguir algo significativo", apontou José Gameiro.
Entre os argumentos, foi ainda sublinhado que a decisão positiva ajudará as pessoas e as empresas do território, mas todo o país, por via da promoção da atividade económica e turística.
"É inconcebível que alguém que vem passar o fim-de-semana acabe por deixar mais dinheiro no pórtico do que nas restantes despesas", apontou.
Luís Veiga, do Movimento de Empresários pela Subsistência do Interior, destacou que região não retirou benefícios dos passes sociais e que dificilmente será possível operacionalizar tal ação, dada a dispersão do território que as comunidades intermunicipais locais abarcam.
Este responsável também vincou a mobilidade regional é "paga" e que está "condicionada" pelo estado das estradas nacionais e da ferrovia e por uma rede de transportes públicos que não dá resposta às necessidades.
"Temos um problema grave de coesão territorial que só se resolve com medidas drásticas. Não é com paninhos quentes", afirmou Luís Veiga.
A reivindicação para que a primeira ação esteja já inscrita no OE de 2020 também é subscrita por Marco Gabriel da Comissão de Utentes da A23, que classifica a proposta como "mais do que justa" e "ponderada".
A plataforma promete agora esperar pelo Orçamento do Estado, mas também promete manter a luta, caso as medidas não correspondam ao esperado e até que a abolição total se concretize: "Não haverá resignação", sublinhou Marco Gabriel.
A Plataforma de Entendimento para a Reposição das Scut na A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, nomeadamente a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.
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