“Não vou à reunião para me sentar e ouvi-los a darem sermões”, disse Sogavare, em conferência de imprensa. “Eles dão-nos três minutos para falar e logo depois passamos a ouvir um sermão sobre o quão bons eles são”, descreveu.
A aproximação entre a China e as Ilhas Salomão gerou preocupações entre as potências dominantes da região, os Estados Unidos e a Austrália, sobre a crescente influência de Pequim no Pacífico Sul. Em particular, teme-se a abertura de uma base militar chinesa no país insular, ao abrigo de um pacto de segurança bilateral, assinado em 2022.
“Os Estados Unidos precisam de respeitar os líderes do Pacífico e os líderes de todo o mundo. Eles devem mudar a sua estratégia”, disse o presidente das Ilhas Salomão.
Sogavare justificou assim a sua ausência da cimeira realizada nos dias 25 e 26 de setembro em Washington, que reuniu Joe Biden e cerca de 20 líderes do Pacífico.
As Ilhas Salomão foram antes representadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeremiah Manele, nesta segunda cimeira, que se segue a outra realizada no ano passado, na qual Washington apresentou a sua estratégia para o Pacífico e se comprometeu a disponibilizar cerca de 800 milhões de dólares (cerca de 760 milhões de euros) para ajudar as nações insulares durante os próximos anos.
O governo de Sogavare — que cortou relações diplomáticas com Taiwan, em 2019, para favorecer Pequim — está sob forte escrutínio regional e internacional desde que assinou o pacto de segurança com a China, cujos detalhes não são conhecidos.
Desde então, Washington e Austrália redobraram esforços para recuperar a influência na outrora esquecida região do Pacífico Sul.
A região faz parte da área de atuação do pacto AUKUS, assinado entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, em setembro de 2021, que inclui a aquisição e desenvolvimento de submarinos com propulsão nuclear no país oceânico.
Os EUA também revitalizaram o Diálogo de Segurança Quadrilateral, ou Quad, a parceria entre EUA, Austrália, Japão e Índia, criada em 2007 para impulsionar a cooperação regional, após o ‘tsunami’ que em 2004 devastou partes da região.
O objetivo da parceria é agora defender um Indo-Pacífico “aberto, livre e inclusivo”, uma referência implícita às incursões da China naquelas águas, cujo controlo foi fundamental, durante a Segunda Guerra Mundial, para manter linhas de abastecimento logístico e projetar força militar.
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