Marcelo Rebelo de Sousa declarou no domingo que, no que depender do Presidente, não haverá “volta atrás” no processo de desconfinamento.
"Já não voltamos para trás. Não é o problema de saber se pode ser, deve ser, ou não. Não vai haver. Comigo não vai haver. Naquilo que depender do Presidente da República não se volta atrás”, afirmou Marcelo.
Já o primeiro-ministro, António Costa, reagindo às declarações do Presidente, disse esta segunda-feira que ninguém pode garantir que não se volta atrás no desconfinamento, sublinhando que o Governo adoptará “em cada momento as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia”.
“Se alguém pode garantir [que não se volta atrás]? Não, creio que nem o senhor Presidente da República seguramente o pode fazer, nem o fez”, frisou Costa.
“Não há qualquer português que possa dizer que deseja que haja um volte face no desconfinamento. Creio que 100% dirão aquilo que o senhor Presidente da República disse, que é: ‘ninguém deseja que não haja desconfinamento’”, acrescentou, apelando ainda à responsabilidade dos portugueses, acautelando que, “apesar de o processo de vacinação estar a andar a um ritmo bastante bom” e a “cumprir os objetivos que tinham sido definidos”, o “combate à covid não é só o combate contra a mortalidade ou para proteger o SNS”.
O primeiro-ministro relembrou assim que o combate à pandemia “é, em primeiro lugar, pela proteção da saúde de cada uma das pessoas” e reforçou que “há uma pergunta que ninguém sabe responder”: “que consequências, que sequelas, esta doença e esta infeção deixará para o futuro da vida de cada uma das pessoas que é infetada?”
Além disso, considerou “extremamente perigoso desvalorizar a gravidade da situação”, uma vez que nas últimas semanas o país tem verificado um aumento dos casos em Portugal, o que revela que “não está a haver o ajustamento adequado dos comportamentos”.
O virologista Pedro Simas afirmou que, até agora, não houve uma variante do coronavírus que “quebrasse o efeito protetor” das vacinas contra a covid-19, sublinhando que são todas eficientes a prevenir a doença grave e a morte. “Não quer dizer que não apareçam casos muito raros, mas nós não nos podemos concentrar no raro e temos que agora olhar para o bem comum, que é desconfinar”, defendeu, advertindo que a população tem de continuar a cumprir as orientações da Direção-Geral da Saúde.
No entanto, no Reino Unido a variante Delta (inicialmente detetada na Índia) e o aumento de novos casos de infeção já levaram a que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciasse hoje o adiamento da última fase de desconfinamento até 19 de julho, devido ao risco de “milhares de mortes”.
Boris Johnson disse que a variante Delta do vírus está a “espalhar-se mais rápido do que previsto” e que tal está a refletir-se no número de hospitalizações. Perante a “escolha muito difícil” entre continuar ou não com o plano, o primeiro-ministro britânico decidiu dar aos serviços de saúde “mais algumas semanas cruciais para administrar as restantes vacinas nos braços de quem precisa delas”.
Uma coisa parece certa, a pandemia não acabou e não podemos ignorar que a incidência continua a subir. Hoje, Portugal não registou mortes, mas registou 625 novos casos e ainda mais 15 pessoas internadas nos hospitais. Só a região de Lisboa e Vale do Tejo reportou 64% dos novos casos.
Por isso mesmo, Costa apelou hoje a que “cada um” adote “os comportamentos corretos por forma a que as coisas possam evoluir bem” e reiterou que o Governo irá adotar “em cada momento as medidas que se justifiquem perante o estado da pandemia”. Se queremos manter a liberdade associada ao desconfinamento, teremos de continuar a manter os cuidados de prevenção e a cumprir as orientações Direção-Geral da Saúde.
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