Em entrevista ao SAPO24 no 37.º Congresso Nacional do PSD, o antigo ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional do Governo de Passos Coelho destacou os novos desafios que se colocam à sociedade, cada vez menos dividida entre quem é de esquerda e quem é de direita.
"A divisão tradicional entre esquerda e direita já não é relevante hoje em dia, os temas principais na nossa sociedade já não são reconduzivéis a essa divisão. (...) Acho que é cada vez mais claro que a principal divisão é entre aqueles que têm uma visão aberta sociedade, cosmopolita, global, e aqueles que querem o regresso a fronteiras nacionais e a uma sociedade fechada. Essa divisão não tem correspondência nos partidos de direita e esquerda", considera.
Questionado sobre o papel do partido nesta nova divisão, Poiares Maduro acredita que o PSD, "através daqueles que são os valores fundamentais da social democracia, que passam pela reconciliação entre a igualdade e a liberdade", é "o partido que continua a oferecer o melhor projeto político para os desafios que temos hoje".
Montenegro é livre de tomar decisões, mas momento é de apoiar Rio
Durante o segundo dia do 37.º Congresso Nacional do PSD, o antigo ministro foi questionado pelos jornalistas sobre o discurso do ex-líder da bancada social-democrata Luís Montenegro que, na reunião magna do partido, anunciou que vai deixar a Assembleia da República em abril e disse que poderá disputar a liderança no futuro.
"O doutor Luís Montenegro é livre de dizer o que entender e é livre de tomar as decisões políticas que entender no futuro. Eu entendo que este é o momento de colaborar com esta liderança, na construção de um projeto político que permita ao país ter consciência de onde nós estamos e para onde precisamos de ir", disse.
Na opinião de Poiares Maduro, "há um momento para as pessoas declararem se estão ou não".
"Houve um momento de disputa de liderança no qual o doutor Luís Montenegro decidiu não ser candidato a líder. Para mim é a única coisa que eu sei e que é relevante neste momento", respondeu.
A política, na opinião do ex-governante, "tem que ter uma dimensão de competição, para as pessoas terem diferentes projetos dos quais possam escolher, e depois uma dimensão de cooperação".
"Nós fazemos parte do mesmo partido, tivemos uma competição eleitoral agora, escolhemos um líder. O momento é de cooperar e de cooperar com esse líder", concretizou.
Esta posição, para Poiares Maduro, não significa, no entanto, que as pessoas tenham que ter "as mesmas opiniões".
"Pelo contrário, o pluralismo de pontos de vista e a contribuição com diferentes posições - incluindo críticas - pode ser positiva se for dirigida, sobretudo, a ajudar o líder e a liderança do PSD a contribuir para que o país realmente tenha um projeto político que possa satisfazer a ambição dos portugueses, que não é seguramente aquilo a que nós temos assistido no nosso país", explicou.
Sobre o facto de o seu nome ter sido avançado na comunicação social como eventual nome para a direção de Rui Rio, Poiares Maduro respondeu que a única coisa que soube “foi o que estava nos jornais".
"Eu estou disponível sempre para participar e colaborar no meu partido, mas essa colaboração e essa cooperação pode ser feita de formas muito diferentes, não tem que ser feita através de participação nos órgãos do partido", acrescentou.
O professor universitário prometeu assim colaborar e contribuir "para que o PSD consiga apresentar aos portugueses um projeto político que permita retomar um caminho de reformas e crescimento sustentado".
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