“A polícia tem o controlo da situação em relação às ações de massas não autorizadas”, indicou a agência na rede Telegram, ao citar o Ministério do Interior.

Em Minsk, a capital, as forças policiais recorreram a granadas antimotim face a milhares de manifestantes que protestavam contra o aguardado anúncio da vitória do Presidente Alexander Lukashenko no escrutínio.

De acordo com diversos media, incluindo a rádio RFE/RL, registaram-se vários feridos entre os manifestantes, com a difusão de imagens de pessoas com as caras ensanguentadas.

Os media da oposição da RFE/RL referiram-se ao recurso de granadas sonoras e balas de borracha para dispersar os manifestantes no centro de Minsk, onde milhares de manifestantes se reuniram durante a noite em diversos locais. Foi ainda divulgada a ocorrência de confrontos entre manifestantes e a polícia.

Segundo estas informações, terão ainda ocorrido intervenções policiais durante concentrações da oposição em diversas cidades do país.

No domingo, as autoridades deslocaram para Minsk um significativo dispositivo policial, incluindo centenas de homens e veículos antimotim.

A campanha eleitoral para as presidenciais foi assinalada por uma mobilização sem precedentes em apoio de Svetlana Tikhanovskaia, sem experiência política prévia.

Na noite de domingo, Tikhanovskaia considerou ser apoiada pela “maioria” dos cidadãos, ao referir não acreditar nas projeções oficiais que forneciam larga vantagem ao Presidente Alexander Lukashenko.

“Acredito no que veem os meus olhos e vejo que a maioria está connosco”, disse Svetlana Tikhanovskaia, ao reagir perante os media à difusão das sondagens realizadas à saída das assembleias de voto e que atribuem 79,7% dos sufrágios ao atual chefe de Estado, no poder há 26 anos.

Segundo a agência noticiosa estatal Belta, a candidata da oposição unificada, Svetlana Tikhanovskaia, terá obtido, segundo as sondagens, 6,8%, resultado muito inferior ao previsto por diversos analistas.

Lukashenko, 65 anos, candidatou-se um sexto mandato consecutivo nas presidenciais.

Desde a chegada de Alexander Lukashenko ao poder, em 1994, nenhuma corrente da oposição conseguiu afirmar-se na paisagem política bielorrussa. Muitos dos seus dirigentes foram detidos, à semelhança do que sucedeu neste escrutínio, e em 2019 nenhum opositor foi eleito para o parlamento.

Os resultados das últimas quatro eleições presidenciais não foram reconhecidos como justos pelos observadores da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), que denunciaram fraudes e pressões sobre a oposição.

Pela primeira vez desde 2001, e por não ter recebido um convite oficial a tempo, a OSCE não esteve presente na votação para acompanhar os resultados.

Antes dos confrontos, o Governo bielorrusso tinha destacado várias equipas das forças de segurança para as ruas de Minsk, que bloquearam estradas e ruas de acesso ao centro da capital e posicionavam-se junto de edifícios públicos, enquanto surgiam apelos na televisão estatal para que as pessoas não saiam de casa.

Partido Livre manifesta solidariedade com o povo bielorrusso

O partido Livre manifestou no domingo, em comunicado, a sua solidariedade com o povo bielorrusso, que se mobilizou por um regime “livre e justo” e que foi negado “através de eleições opacas e manipuladas”.

“O povo bielorrusso saiu hoje à rua em protesto contra os alegados resultados eleitorais anunciados por uma organização pró-governamental do país. Os observadores independentes foram banidos de todo o processo eleitoral tendo alguns sido inclusivamente presos pela polícia no decorrer do dia de hoje”, recorda o partido no comunicado emitido na noite de domingo.

O comunicado considera que os anúncios oficiais sobre uma “vitória avassaladora” do Presidente Aleksander Lukashenko, com perto de 80% dos votos, são “totalmente impossíveis” de acordo com especialista e comentadores, e denuncia as cargas policiais sobre os manifestantes.

O Livre recorda ainda que, nas vésperas da eleição, o principal candidato da oposição foi preso, tendo sido substituído pela sua mulher, Svetlana Tikhanovskaya, que assumiu o lugar de principal adversária de Lukashenko.

O texto recorda ainda que o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, criticou no domingo as “inaceitáveis restrições à liberdade de imprensa e de ajuntamento” impostas pelo regime bielorrusso bem como as “detenções ilegais de protestantes pacíficos, observadores, jornalistas e ativistas”.

Também o deputado socialista Miguel Costa Matos, através de uma mensagem Twitter, manifestou “solidariedade total” pelos que lutam pela democracia e liberdade nas ruas da Bielorrússia.

“A vossa luta também tem de ser a nossa. Impossível ficar indiferente perante a repressão brutal que testemunhamos em tantos vídeos. Lukashenko não pode sair impune. Que vença o povo!”, escreveu.

(Artigo atualizado às 6:07)