As quatro embarcações foram autuadas e tinham bandeira portuguesa, mas eram tripuladas por pescadores de nacionalidade espanhola, situação cada vez mais frequente e que tem levado associações de pesca do sotavento do Algarve a pedirem mais fiscalização às autoridades marítimas de Portugal.

A Autoridade Marítima anunciou que detetou estas embarcações a pescar em zona interdita na última semana, no âmbito de um reforço da fiscalização da pesca efetuado pela Polícia Marítima de Vila Real de Santo António, cidade localizada na margem portuguesa do rio Guadiana, na fronteira entre o Algarve e a região autónoma espanhola da Andaluzia.

“Este esforço deve-se à proximidade da quadra natalícia, que, por vezes, leva a que apareçam embarcações infratoras para maximizar a captura de pescado”, justificou a Autoridade Marítima no comunicado em que fez o anúncio dos resultados da operação.

Em Espanha, o pescado e o marisco são muito procurados na época natalícia, com o consequente aumento de preços, o que leva os pescadores espanhóis a tentar aumentar as capturas para terem mais lucro, operando por vezes em zonas interditas, situação que o reforço da Polícia Marítima procura evitar.

Em outubro passado, os armadores e pescadores do sotavento algarvio queixaram-se de estar a ser “intimidados” e sujeitos a “insultos, ofensas verbais e ameaças de morte” por parte de armadores ou mestres espanhóis que operam embarcações portuguesas.

A Associação de Armadores e Pescadores de Tavira (APTAV) revelou na ocasião ter recebido de associados seus relatos sobre incidentes deste tipo e “tentativas de abalroamento” por parte alegadamente de “mestres espanhóis/armadores proprietários de embarcações portuguesas a operar com alcatruzes e coves, na zona sotavento da costa algarvia”, entre Vila Real de Santo António e Tavira.

Para “prevenir futuros incidentes e eventuais danos corporais, prejuízos materiais e financeiros, causados pelas embarcações portuguesas mestradas por pescadores espanhóis”, a APTAV apelou às autoridades com competência de fiscalização na área para, “a título preventivo”, realizar ações de “maior controlo e fiscalização”.

A associação de armadores e pescadores algarvia justificou o apelo às autoridades marítimas com a necessidade de “garantir a segurança das embarcações portuguesas e a integridade física dos mestres/armadores e seus tripulantes”, que estavam, assegurou, a ser “praticamente impedidos de efetuar o exercício regular da sua atividade”.