A ação de protesto de hoje foi promovida pelo Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) e contava cerca das 20:00 com a presença de cerca de uma centena de polícias, que estavam em silêncio.

Junto aos caixões podia ler-se em duas lápides: “Aqui jaz a SEGURANÇA PÚBLICA em frente à Assembleia da República, 1867 - 2024” e “Aqui descansa SEGURANÇA PÚBLICA, 1867-2024, ‘oito anos a ser enterrada’”.

Em declarações aos jornalistas, o presidente do Sinapol, Armando Ferreira, adiantou que os polícias estão “completamente unidos e não vão desarmar”.

“Os polícias estão aqui e vão estar aqui presentes até verem os seus problemas resolvidos e a justiça da sua reivindicação ser solucionada”, realçou o dirigente sindical, referindo que espera que o Governo atribua um suplemento de missão aos profissionais da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) à semelhança do que foi concedido à Polícia Judiciária (PJ).

Para Armando Ferreira, o Governo tem “todos os poderes legítimos para resolver o problema ainda durante o seu mandato”.

“O Governo em gestão tem todos os poderes para decidir sobre matérias que são urgentes e nós consideramos que mais urgente que a segurança pública não há”, sustentou.

Dizendo que as ações dos polícias “estão para durar”, o presidente do Sinapol explicou que os oito caixões hoje colocados em frente à Assembleia da República significam os “vários polícias que têm morrido ao serviço do país” e os “anos em que não foi feito muito pelos polícias”.

“Pode ter sido feito alguma coisa pela segurança pública, mas pelos polícias não foi feito muito”, sublinhou.

Ao mesmo tempo decorre uma reunião da plataforma que une sete sindicatos da PSP e quatro associações da GNR.

“Estamos a estudar quais são as ações que vamos tomar de futuro e a plataforma irá emitir um comunicado no fim a dar conhecimento do que é que vai acontecer durante o decurso da próxima semana e ainda talvez durante esta semana”, acrescentou.

Por sua vez, à Lusa, o antigo polícia João Gomes disse estar em solidariedade com o protesto, embora “não concorde” com os caixões.

“Estamos em campanha eleitoral. Para mim, alguém está por detrás disto. O que está aqui acontecer [com os caixões] é um bocado desadequado à situação. Para mim, é o Movimento Zero e o Chega que estão por detrás disto”, afirmou.

Pedindo mais atenção dos governos, o polícia aposentado da divisão de trânsito salientou que movimentos e partidos políticos “não são bem-vindos”.

“A polícia tem de ser isenta. É uma força autoridade que tem de representar tudo e todos e não cores políticas, por mais que simpatizemos com elas”, observou.

A contestação dos elementos da PSP e dos militares da GNR teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que não tem equivalente nas restantes forças de segurança e, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.

Os protestos dos polícias começaram de forma espontânea há cerca de uma semana e estão a ser organizados através de redes sociais como Facebook e Telegram.