No Infarmed voltaram a reunir-se políticos e especialista para discutir a situação epidemiológica em Portugal, uma semana depois de o país ter iniciado o processo de desconfinamento. Da reunião não saíram propriamente más notícias, com a nota de que “houve uma diminuição generalizada da incidência no território”.
Num olhar geral sobre o país, sublinha-se "uma mudança de padrão, que se iniciou no início do mês de março, em que a população ativa voltou a ser a população com maiores incidências e o grupo dos 80+ passou a ter uma incidência inferior à média nacional".
O índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2, que “tem vindo a aumentar” e já atingiu 0,92, adiantou o investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), também foi tema de conversa, com a subida a ser caracterizada como “natural”.
Noutras conclusões, foi ainda dito que os comportamentos dos portugueses em relação às medidas de combate à covid-19, sobretudo nos mais jovens, tem piorado. No entanto, foi referido que as crianças não têm um “papel relevante” nos contágios pelo vírus SARS-CoV-2 nas famílias.
Das alterações dos padrões de incidência de novos casos à predominância da variante do Reino Unido, estas foram, as principais conclusões que saíram da reunião do Infarmed.
"Tendência de descida", mudança de padrão na incidência e a variante dominante
Coube André Peralta Santos, investigador da Direção-Geral da Saúde, a primeira intervenção na reunião desta terça-feira. Num olhar mais geral sobre o país, afirmou que "houve uma manutenção da tendência de descida, com uma incidência cumulativa a 14 dias, por data de notificação, de 79 casos por 100 mil habitantes", que se verifica em todo o território, sendo já " poucos os municípios que estão nesta categoria [acima dos 120 casos por 100 mil habitantes]".
Há, no entanto, a assinalar uma "mudança de padrão, que se iniciou no início do mês de março, em que a população ativa voltou a ser a população com maiores incidências e o grupo dos 80+, que é um grupo especialmente vulnerável, passou a ter uma incidência inferior à média nacional, que é um aspeto bastante positivo".
Segundo o investigador, a região de "Lisboa e Vale do Tejo é aquela que tem uma incidência [de novos casos] maior".
Peralta Santos avançou ainda com dados concretos relacionados com a variante associada ao Reino Unido, relativos à predominância nos novos casos diagnosticados por região: Lisboa e Vale do Tejo, de 73.3%, dos%/65% no norte e no centro, 30% no Alentejo e no Algarve 70%".
Relativamente à campanha de vacinação, como ferramente também para controlar os internamentos em unidades de cuidados intensivos, face ao que aconteceu no início deste ano, em que este serviço ficou sobrelotado, o diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde, explicou que “num cenário de grande incidência, como tivemos em janeiro e que se repercutiu nas hospitalizações em fevereiro, só a população de 40 a 60 anos é suficiente para ultrapassar o indicador de 245 camas em UCI. Esta mensagem quer dizer que, para estarmos completamente seguros, a faixa etária a vacinar terá de ir até estas idades”.
Já em relação à testagem, André Peralta Santos destacou uma “intensidade bastante considerável, dispersa por todo o território e uma positividade acima de 4% só em alguns concelhos”.
A evolução positiva verificou-se também na notificação laboratorial dos casos, segundo o perito da DGS, com “uma melhoria na rapidez de desempenho nos últimos meses e até nos meses de maior intensidade epidémica”, sendo o atraso de notificação atualmente inferior a 10% dos casos.
O Rt vai chegar a 1 e isso é "natural"
O investigador Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), começou a sua intervenção por registar a subida do índice de transmissibilidade, face à última reunião, de 0,64 para 0,89.
“É natural que haja o abrandar da velocidade de decréscimo, embora também tenha os seus riscos”, sublinhou Baltazar Nunes, sem deixar de notar que a incidência cumulativa de casos por 100 mil habitantes a 14 dias está abaixo do limiar de 120.
“Apesar de o Rt estar a aproximar-se de 1 é importante que a incidência esteja a baixar. Gostaríamos de reforçar a necessidade de analisar estes indicadores em conjunto”, disse Baltazar Nunes numa apresentação na reunião de peritos e decisores políticos sobre a situação epidemiológica em Portugal que decorre na sede da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed).
De acordo com os números apresentados, todas as regiões do território nacional estão com um índice de transmissibilidade abaixo de 1, com exceção para a região autónoma dos Açores, não sendo ainda possível estimar o valor para a Madeira. Contudo, o investigador do INSA vincou que os dados hoje apresentados “ainda não refletem o efeito das medidas implementadas com a abertura do primeiro ciclo e das creches”.
Quanto à evolução por grupos etários, “o grupo etário com maior incidência está entre os 20 e os 30 anos”, segundo Baltazar Nunes, que realçou também “uma redução bastante acentuada” da incidência cumulativa nas pessoas com mais de 80 anos.
Apesar desta evolução, o epidemiologista do INSA reconheceu a existência de uma “estabilização” da incidência cumulativa a 14 dias de casos por 100 mil habitantes e sublinhou que “já não se prevê que a incidência chegue aos 60 casos por cem mil habitantes”, como estava anteriormente previsto para o final deste mês.
Taxa de positividade dos testes de diagnóstico é de 1,2%
O número combina a realização de testes moleculares (PCR) com os testes rápidos de antigénio realizados no território nacional, em que a taxa de positividade foi de 2,3% e de 0,3%, respetivamente.
“O objeto é a promoção da testagem massiva e sistemática da população, mas pretende-se que essa testagem seja feita com base em critérios objetivos e claros e que essa ação seja adequada ao contexto em que se insere”, frisou Ricardo Mexia, realçando a importância do “modelo participativo” deste processo, ao incluir na operacionalização o setor público, o setor social e o setor privado.
“As linhas estratégicas deverão passar por uma análise epidemiológica, ou seja, o acompanhamento permanente em função da maior incidência e dos contextos em que possa acontecer, seja do ponto de vista das áreas de atividade, seja do ponto de vista geográfico”, sublinhou.
Sem esquecer as questões de testagem relacionadas com profissionais com um maior grau de exposição ao vírus, populações mais vulneráveis e elementos de serviços essenciais, Ricardo Mexia destacou que "os critérios serão dinâmicos” e apontou como uma das prioridades da estratégia a “necessidade premente de um sistema de notificação ágil e o mais abrangente possível”.
“Deve ser simplificada, encontrando as soluções que o permitam fazer de forma ágil, seja através de plataformas web ou aplicações. E tem de haver uma forte ligação à capacidade de resposta, conexa com a vigilância epidemiológica”, “afirmou o médico, que integra o grupo interno do Instituto Ricardo Jorge (INSA) que colabora no âmbito do plano de operacionalização da estratégia de testagem em Portugal.
Numa intervenção realizada na reunião do Infarmed, em Lisboa, que junta especialistas, membros do Governo e o Presidente da República, Ricardo Mexia lembrou ainda que os “testes não se substituem uns aos outros” e alertou para a importância de uma “complementaridade” entre testes moleculares (PCR) e testes rápidos de antigénio.
“É fundamental que haja uma manutenção da realização de testes ‘gold standard’, os testes por PCR, de forma a ter uma boa perceção das variantes de interesse que possam eventualmente circular”, explicou, notando “uma certa estabilização dos testes PCR e um aumento muito recente dos testes de antigénio” devido à testagem efetuada na reabertura das creches e escolas do primeiro ciclo do ensino básico.
Segundo os dados apresentados, foram feitos 82.425 testes em escolas e registados 81 casos positivos, ou seja, uma taxa de positividade de aproximadamente 0,1%. Já nas prisões realizaram-se 14.702 testes, dos quais 1.019 se revelaram positivos (6,9%). Quanto à presidência do Conselho de Ministros, apenas 25 dos 1.797 testes tiveram um resultado positivo (1,4%).
Finalmente, nos lares de idosos foram realizados 150.163 testes, com 2.627 a darem um resultado positivo (1,8%), enquanto na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) fizeram-se 58.609 testes e 2.652 (4,5%) confirmaram um diagnóstico positivo para a infeção pelo vírus SARS-CoV-2.
Variante britânica pode representar 90% dos casos em Portugal dentro de semanas
"Quase 100% dos casos em Inglaterra são causados pela variante do Reino Unido e o resto vai certamente acontecer com o resto dos países, será tudo uma questão de tempo. A Dinamarca já passou os 90% também, a Irlanda tem dados atrasados, mas há três semanas já estava nos 90% também, e depois temos Suíça, Portugal, Áustria e a Alemanha com crescimento bastante acelarado e todos eles acima dos 50%/60%. Não é de estranhar se todos estes países estiverem acima dos 90% dos casos de covid-19 causados já pela variante do Reino Unido", começou por dizer João Paulo Gomes, do Instituto Ricardo Jorge (INSA).
O especialista disse, aliás, que "as estimativas apontam que a variante do Reino Unido esteja já em mais de 80% dos casos de covid-19 no nosso país."
A análise de João Paulo Gomes estendeu-se ainda à variante associada à África do Sul, revelando que foram já identificados em Portugal 24 casos, um número “modesto quando comparado com os números de países como a Bélgica, Reino Unido, França ou Áustria”, mas em que o investigador reforçou a “importância do controlo de fronteiras nesta altura”, face à sua disseminação no continente africano e com transmissão comunitária em países europeus. “A situação epidemiológica de Portugal depende fortemente da situação epidemiológica que se for verificando nos outros países”, assinalou o investigador do INSA, reforçando que esta variante está relacionada a “falências vacinais” pelas características da sua mutação.
Finalmente, João Paulo Gomes indicou o registo de 16 casos até ao momento da variante de Manaus (Brasil) em Portugal, um registo que se encontra “na média dos outros países”.
Com um aumento significativo da realização de testes rápidos de antigénio no contexto da testagem nacional, João Paulo Gomes defendeu a importância da repetição com testes moleculares em caso de resultado positivo para assegurar um controlo eficaz das variantes.
“É o que a Dinamarca está a fazer diariamente: retestar os positivos com testes que identificam estas variantes”, referiu o investigador, assegurando que Portugal está com um registo positivo na sequenciação genómica, ao ser o 12.º numa lista de 150 países: “Estamos ainda melhores do que França, Espanha ou Alemanha. Portugal está enquadrado nos países que melhor vigilância fazem”.
As crianças não parecem ter um papel relevante no risco de infeção das famílias
O epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto Henrique Barros revelou, na sua apresentação durante a reunião do Infarmed, que "cerca de 2% das pessoas estão a falecer por causa de terem tido um diagnóstico de infeção".
Numa intervenção sobre o risco de morrer em Portugal associado à covid-19, Henrique Barros explicou que o valor de 2% cai para 0,7%, "se calcularmos para a infeção, porque nós acreditamos que haja cerca de três vezes mais casos de infeção do que aqueles que nós diagnosticamos, recorrendo aos testes PCR ou aos testes antigénio, em Portugal".
O investigador disse ainda que "as crianças não parecem ter um papel relevante no risco de infeção das famílias e as medidas de mitigação no ambiente escolar funcionam", o que o leva a acreditar que neste desconfinamento "a atividade letiva vai ser segura".
“Globalmente, as crianças e os adolescentes têm um risco menor de infeção e, embora a evidencia (prova) não seja forte, parecem ter um papel menor na transmissão da infeção”, disse.
Henrique Barros traçou um retrato da evolução da pandemia com base no papel das escolas para concluir que as “medidas de mitigação do ambiente escolar funcionam e fazem com que a atividade letiva seja segura” em termos de transmissão do vírus.
“Na primeira onda, a infeção foi quase toda nas faixas etárias mais elevadas”, começou por afirmar o investigador, enfatizando: “Na segunda onda, vemos que com as escolas abertas a infeção sobe e desce, sobe com as escolas fechadas, continua a subir e até faz um pequeno ‘plateau’ (planalto) com as escolas abertas e depois desce. (…) O que vemos quando olhamos não só para as idades escolares é que as pessoas mais velhas é que infetam primeiro”.
Comportamentos dos portugueses pioraram no último mês
Os comportamentos dos portugueses em relação às medidas de combate à covid-19 pioraram no último mês, sobretudo nos mais jovens, duplicando a percentagem dos que reconheceram ter estado com grupos de 10 ou mais pessoas fora do agregado familiar.
Segundo os dados apresentados por Carla Nunes, entre os dias 19 de fevereiro e 19 de março a percentagem de pessoas que disse ter estado em contacto com grupos de 10 ou mais pessoas que não pertencem ao seu agregado familiar passou de 1,8 para 4,9%.
O uso da máscara quando se sai de casa tinha uma adesão de 98% a 19 de fevereiro e passou para 86% um mês depois e a frequência com que os portugueses disseram ter saído de casa (sem ser para trabalhar) todos ou quase todos os dias passou de 17% para 26%.
O cumprimento da medida das distâncias físicas (dois metros) também piorou, passando de 8,9% para 12,2% as pessoas que nunca a cumpriram ou que não a cumpriram algumas vezes.
Task force mantém previsão de vacinação de 70% da população com a primeira dose até ao “fim do verão”
A cobertura da vacinação contra a covid-19 nos estabelecimentos residenciais para idosos (ERPI) vai atingir esta semana os 90%, assegurou hoje o coordenador da ‘task force’ do plano de vacinação, vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
“Os ERPI estão praticamente todos cobertos, tirando aqueles que estão a sair dos surtos. Mas já temos mais de 90% dos lares cobertos, uma taxa muito elevada de cobertura, e só não se avançou mais porque estamos à espera de que saiam dos surtos e cumpram as regras após os surtos para podermos vacinar nessas instalações”, disse.
De acordo com os dados fornecidos pelo coordenador da ‘task force’, a cobertura da população com mais de 80 anos será de 83%. “Vamos passar claramente a meta que tínhamos para o mês de março”, referiu o vice-almirante, salientando ainda que no grupo dos 50 até aos 79 anos com comorbilidades tipo 1 a cobertura de vacinação será de 67%.
O último relatório do estado de emergência, referente ao período 15 de fevereiro a 01 de março e entregue na Assembleia da República na segunda-feira, anuncia que a totalidade das 200.000 pessoas dos lares de idosos e das unidades de cuidados continuados já receberam a primeira dose da vacina contra a covid-19.
O documento - produzido pela Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência, coordenada pelo ministro da Administração Interna - dá conta que nos estabelecimentos residenciais para idosos e na rede nacional de cuidados continuados integrados “já haviam recebido pelo menos a primeira dose a totalidade do seu universo”.
O responsável pelo processo de vacinação realçou o “ritmo crescente de administração de vacinas”, mas reiterou que se mantém a previsão cobertura de 70% da população com a primeira dose da vacina “no fim do verão”.
“Esse ritmo vai no segundo trimestre atingir em média 95 mil a 100 mil vacinas por dia, passando em abril de 60 mil para um ritmo superior a 100 mil em maio e junho. No período todo, a média será de 95 mil vacinas por dia, o que é um número muito elevado”, afirmou.
“Na área da Saúde, quer do Estado, quer privados, vamos atingir os 94%; nos serviços essenciais, os 99%; e, após o fim de semana, em que vamos fazer a vacinação de cerca de 80 mil docentes e não docentes na área do ensino, 28% ficarão vacinados”, adiantou Henrique Gouveia e Melo.
O coordenador da 'task force' do plano de vacinação notou ainda que esta semana o país vai atingir um milhão de pessoas imunizadas com a primeira dose e meio milhão com as duas doses, adiantando também que chegaram até ao momento a Portugal cerca de 1,8 milhões de doses, das quais sensivelmente 1,3 milhões já foram administradas. E apontou a previsão de chegada da vacina da Janssen “eventualmente na segunda quinzena de abril”.
“Esta semana vão ser administradas - para se recuperar a pausa da AstraZeneca - 277 mil vacinas, mais 73 mil da AstraZeneca que ficaram em pausa. É uma quantidade muito substantiva para administrar nos sete dias desta semana”, afirmou.
Ministra apela para cumprimento de medidas e reitera confiança na vacinas
Em declarações após a reunião de especialistas que hoje decorreu no Infarmed, Marta Temido lembrou que, não obstante o processo de desconfinamento ter começado há menos de 15 dias e estar ainda na primeira fase, a mobilidade está a aumentar e há uma menor utilização do teletrabalho.
Marta Temido insistiu para que, sempre que possível, se continue a optar “pelo teletrabalho e pela restrição dos contactos sociais ao mínimo indispensável”.
“O vírus continua a estar presente no espaço europeu”, afirmou, frisando que, por isso, não podem ser aliviadas as medidas de prevenção.
Questionada sobre a paragem na vacinação com a vacina da AstraZeneca, a ministra sublinhou que se tratou de “uma pausa” e não de “uma suspensão”, reiterando a confiança nas vacinas.
“Qualquer vacina, ou qualquer medicamento, passa por uma avaliação da agência europeia do medicamento [EMA] que tem décadas de trabalho confiável e transparente”, afirmou a governante, lembrando que o que Portugal fez foi seguir as recomendações da EMA.
“As vacinas são seguras. Têm, como qualquer medicamento, um contexto de indicações e restrições e os países têm de as seguir”, afirmou.
Em relação à vacina da AstraZeneca, a ministra explicou que Portugal teve inicialmente uma restrição etária, apenas enquanto aguardava mais estudos, tendo depois passado a aplicar também a vacina ao grupo etário acima dos 65 anos.
“Depois, enquanto a EMA fazia uma avaliação complementar fizemos uma pausa no processo. A informação foi depois conhecida, a agência europeia do medicamento disse que os benefícios desta vacina superam os riscos e que as eventuais ocorrências em pessoas vacinadas – a terem correlação causal, o que ainda não está confirmado - são raras no contexto dos milhões de vacinados, chamando a atenção para os profissionais de saúde e as próprias pessoas estarem atentos, como devem estar atentos à toma e efeito de qualquer medicamento”, explicou.
“O processo não foi suspenso. Foi posto em pausa. Há uma diferença de conteúdo”, insistiu.
A governante disse ainda que o plano é agora recuperar os dias de atraso na administração, frisando: “Naturalmente que acreditamos que a melhor forma de ganhar credibilidade é comunicar com transparência”, disse.
Quanto à situação epidemiológica, a ministra disse que se mantém estável, com tendência decrescente no número novos casos, nos internamentos e na letalidade e sublinhou que “não há inquéritos epidemiológicos em atraso”.
Chamou ainda a atenção para o contexto europeu, com vários países com uma incidência elevada e riscos efetivos de transmissão elevados, o que considerou “adverso e preocupante”.
“Tendo em conta o contexto europeu, relativamente ao qual Portugal está em contraciclo, com o risco efetivo [de transmissibilidade] a aumentar, ainda que a níveis abaixo de 1 e num contexto de prevalência da variante inglesa de 70%, deveremos manter atenção elevada e especial precaução relativamente à forma como abordamos as próximas semanas”, afirmou.
Disse ainda que o importante é manter risco efetivo transmissão e os níveis incidência controlados: “Se não acontecer corremos o risco de não andar para afrente ou de ter de voltar para trás”, avisou.
“Esperamos conseguir manter níveis de risco de transmissão e, sobretudo, de incidência que permitam continuar a progredir, mas temos de estar atentos e isso envolve todos”, concluiu.
Um país a desconfinar, mas ainda em estado de emergência
No início da segunda semana de reabertura do país, Portugal apresentava, na segunda-feira, uma incidência de 81,3 novos casos de infeção com SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) de 0,89.
Estes indicadores – uma incidência do número de novos casos de covid-19 abaixo dos 120 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 1 - são os critérios definidos pelo Governo para a revisão continua do processo de desconfinamento.
Na quinta-feira, a Assembleia da República vai debater e votar o projeto de decreto presidencial para a renovação do estado de emergência por novo período de 15 dias, com efeitos a partir de 01 de abril e que abrangerá o período da Páscoa.
Apesar de a situação epidemiológica do país continuar a evoluir favoravelmente, na segunda-feira, em declarações aos jornalistas, o Presidente da República considerou muito provável que o quadro legal do estado de emergência se prolongue até maio, enquanto houver atividades encerradas.
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