Em 20 de novembro, poucos dias depois da queda de um míssil antiaéreo disparado desde a Ucrânia ter atingido Przewodów, na Polónia, perto da fronteira entre os dois países, incidente que causou dois mortos, Berlim ofereceu à Polónia duas baterias de sistemas de defesa antimísseis Patriot, para evitar mais incidentes semelhantes.

O ministro da Defesa polaco, Mariusz Blaszczak, respondeu na altura que aceitava “com satisfação” a oferta alemã, que o Presidente Andrzej Duda descreveu como um “gesto muito importante”.

No entanto, após uma intervenção do líder do partido no governo, Jaroslaw Kaczynski, que apelava à instalação deste equipamento de defesa na Ucrânia, o ministro retificou a sua posição e aderiu à proposta de Kaczynski.

Por sua vez, o embaixador alemão em Varsóvia, Thomas Bagger, qualificou de “irrealista” e “difícil de compreender” a ideia de instalar os Patriots em território ucraniano.

Já a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, sublinhou que “os sistemas Patriot fazem parte do dispositivo de defesa integrado da NATO e que, por isso, foi possível apresentar esta proposta à Polónia, também membro da Aliança Atlântica”.

“Qualquer proposta diferente dessa deve ser discutida pelos aliados”, explicou a responsável pela Defesa alemã na atura.

Depois, a 29 de novembro, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, declarou que face à recusa alemã em entregar os antimísseis à Ucrânia, a Polónia “consideraria” aceitar estas armas, posição que o ministro da Defesa confirmou numa entrevista publicada esta sexta-feira.

Mariusz Blaszczak apontou ainda que “os alemães não respeitaram o sigilo das conversas sobre o destacamento dos Patriots”.

“A Polónia pediu confidencialidade sobre este ponto, mas os alemães quebraram-na e, de qualquer forma, a prova é que até foram publicadas [as conversas] nos meios de comunicação alemães”, realçou.

“Mesmo assim”, prosseguiu o ministro polaco, “a conquista mais importante é que estes sistemas antimísseis serão integrados” no sistema de defesa polaco.

A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia foi lançada a 24 de fevereiro e justificada por Vladimir Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.

A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.