Em declarações à imprensa no final da primeira sessão de trabalhos da reunião de ministros da Defesa da NATO que decorre entre hoje e quinta-feira no quartel-general da Aliança, na capital belga, a ministra disse que, “neste momento, não está em cima da mesa” o envio de mais material militar, designadamente material pesado, mas recordou o “conjunto de ajudas” que Portugal tem prestado e admitiu então a possibilidade de ser dada formação às Forças Armadas ucranianas, em Portugal.
Lembrando que Portugal já forneceu “material militar, letal e não letal, equipamentos, munições, armamento, mas também material de comunicações e material sanitário”, e respondido a solicitações que têm chegado, como por exemplo kits de primeiros socorros, além da disponibilidade para “receber feridos ucranianos”, Helena Carreiras disse então que está a ser ponderada “a possibilidade de dar treino aos soldados e às forças armadas ucranianas, a vários níveis”.
A ministra especificou que se trata de “oferecer treino aos soldados e forças armadas ucranianas em Portugal”, para, por exemplo, manobrarem carros de combate Leopard, “que é um equipamento que têm e para o qual precisam de treinar os seus soldados, e porventura também treino na área da desminagem e inativação de engenhos explosivos”.
“Temos já uma avaliação feita do tipo de formação que podemos oferecer”, disse.
Admitindo que ainda não há “nenhum pedido concreto” por parte das autoridades ucranianas, a ministra disse que existe a noção de que “é uma necessidade que vai colocar-se às Forças Armadas ucranianas.
“Caso seja essa a decisão da Ucrânia - e funcionamos sempre nesse sentido, ou seja, é em função das necessidades da Ucrânia que respondemos -, esse treino poderá ser providenciado desde já, não é de facto uma situação apenas para o pós-guerra”, explicou.
Horas antes, numa conferência de imprensa a anteceder a reunião, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, advertiu que os membros da Aliança vão fornecer armas pesadas modernas à Ucrânia, como solicitado por Kiev, mas tal “exige tempo”, pois será necessário formar os militares ucranianos para as utilizarem.
“Tomámos a medida de urgência, mas estes esforços exigem tempo. A transição dos equipamentos da era soviética para os equipamentos modernos da NATO significa que os ucranianos devem estar preparados a utilizá-los. É uma transição difícil e exigente”, apontou, precisando que se trata de “artilharia, sistemas de longo alcance e sistemas antiaéreos” modernos, que requerem formação e manutenção.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou já pelo menos 4.432 civis e levou mais de 7,5 milhões de pessoas a fugirem para os países vizinhos, segundo a ONU, que sublinha que os números reais poderão ser muito superiores.
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