O envolvimento de Portugal no projeto do TSE será feito através da agência espacial nacional Portugal Space, que passará a integrar a direção do consórcio que irá estudar a viabilidade científica e económica do "maior telescópio solar alguma vez construído na Europa", com um custo de obra estimado em 180 milhões de euros.
A direção do consórcio irá reunir-se pela primeira vez "nas próximas semanas", refere a Portugal Space em comunicado, sem precisar datas. O valor da participação portuguesa no projeto não foi avançado.
Portugal "irá participar na fase preparatória do projeto, que visa testar a validade do conceito científico e a exequibilidade do projeto", adianta.
Durante esta fase, que deverá terminar no fim deste ano, o consórcio e as organizações financiadoras do novo telescópio vão "elaborar um plano detalhado" sobre a "instalação da infraestrutura", incluindo uma "análise de custos e risco".
Além da Portugal Space, participam na fase preparatória do projeto mais 29 instituições de 17 países, que irão trabalhar sob coordenação do Instituto de Astrofísica das Canárias.
O novo telescópio, que terá um espelho de quatro metros de diâmetro, será construído e operado pela Associação Europeia de Telescópios Solares, que agrega várias instituições científicas, incluindo a Universidade de Coimbra.
Espera-se que a construção do TSE se inicie em 2021 e o telescópio esteja a funcionar em 2027.
Segundo a Portugal Space, o novo telescópio "será crucial para compreender a atividade magnética solar e o impacto dos ventos e tempestades solares na Terra".
Os ventos solares são emissões contínuas de partículas altamente energéticas provenientes da coroa (camada mais externa da atmosfera do Sol).
As tempestades solares são perturbações temporárias na magnetosfera, região que envolve um planeta como a Terra, em que o seu campo magnético controla os processos físicos que nela acontecem.
A agência espacial portuguesa salienta que o estudo da atividade do Sol é importante para "prever, adaptar e minimizar" os impactos de fenómenos como as tempestades solares, que "podem atingir sistemas elétricos sensíveis, levando a que as comunicações por satélite sejam interrompidas e que os sistemas globais de navegação por satélite e redes de energia à escala nacional ou internacional falhem".
Com o Telescópio Solar Europeu, a Europa "pretende preencher um vazio" que não é superado "por nenhuma das outras ferramentas terrestres ou espaciais", uma vez que o TSE "será capaz" de examinar a atividade magnética do Sol, desde a fotosfera (região superficial que emite a maior parte da luz e do calor da estrela) até à cromosfera (camada da atmosfera acima da fotosfera).
O telescópio "pode também revelar os atributos térmicos, dinâmicos e magnéticos" do plasma (gás ionizado) do Sol em "alta resolução", destaca o comunicado da Portugal Space, adiantando que as observações feitas pelo TSE serão complementares às realizadas pela sonda europeia Solar Orbiter, lançada para o espaço em fevereiro e que tem tecnologia de empresas portuguesas.
Equipada com 10 instrumentos, a Solar Orbiter permite observar a superfície turbulenta do Sol, a coroa e as alterações no vento solar.
A sonda europeia trabalha em paralelo com a sonda norte-americana Parker Solar Probe, em órbita desde 2018, e que tem quatro instrumentos para estudar o campo magnético do Sol, o plasma, as partículas energéticas e o vento solar.
O Telescópio Solar Europeu integra o Fórum Estratégico Europeu sobre as Infraestruturas de Investigação, onde Portugal é representado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
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