Portugal regista hoje 1.247 mortes relacionadas com a covid-19, mais 16 do que na segunda-feira, e 29.432 infetados, mais 223, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção Geral da Saúde.

Em comparação com os dados de segunda-feira, em que se registavam 1.231 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,3%. A taxa de letalidade situa-se agora nos 4,24%.

Na caracterização de óbitos ocorridos, registam-se os casos de 607 homens e 640 mulheres.

Das mortes registadas, 838 tinham mais de 80 anos, 243 tinham entre os 70 e os 79 anos, 112 tinham entre os 60 e 69 anos, 40 entre e 50 e 59, 13 entre os 40 e os 49 e um dos doentes tinha entre 20 e 29 anos.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (29.432), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 223 casos do que na segunda-feira (29.209), representando uma subida de 0,8%.

Na caracterização de casos confirmados de infeção, regista-se um total 12.204 casos de homens face a 17.228 casos de mulheres.

Há ainda a registar 6431 casos recuperados — apenas mais um face a ontem.

O total de casos suspeitos ascende agora a 298.501, sendo 266.720 não confirmados.

Há ainda 2.349 pessoas a aguardar resultado laboratorial e 25.487 casos em contacto de vigilância pelas autoridades.

Atualmente registam-se 629 casos internados e 101 nos cuidados intensivos. Trata-se de mais um doente internado e menos 4 internados na UCI face a esta segunda-feira.

A recuperar em casa estão 21.125 pessoas.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (707), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (282), do Centro (227), do Algarve (15), dos Açores (15) e do Alentejo, que regista um caso, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de segunda-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.

A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.472, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 8.490, da região Centro, com 3.644, do Algarve (356) e do Alentejo (245).

Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.018), seguido por Vila Nova de Gaia (1.510), Porto (1.326) Matosinhos (1.242), Braga (1.173) e Gondomar (1.058).

A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 50 aos 59 anos (4.963), seguida da faixa dos 40 aos 49 anos (4.960) e das pessoas com mais de 80 anos (4.369 casos).

Há ainda 4.313 doentes com idades entre 30 e 39 anos, 3.666 entre os 20 e os 29 anos, 3.271 entre os 60 e 69 anos e 2.430 com idades entre 70 e 79 anos.

A DGS regista também 531 casos de crianças até aos nove anos e 929 de jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.

De acordo com a DGS, 41% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 19% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 12% dificuldade respiratória. Esta informação refere-se a 90% dos casos confirmados.

Entre os casos importados, destacam-se os provenientes de Espanha (177), França (137), Reino Unido (88), dos Emirados Árabes Unidos (48), da Suíça (45), de Andorra (32), Brasil (30), de Itália (29) e dos EUA (24).

Surto no serviço de pneumologia no Hospital de Santa Maria

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou esta terça-feira que houve um surto no serviço de pneumologia no Hospital de Santa Maria, noticiado pela TVI.

"Temos conhecimento que existiram dois casos iniciais de profissionais de saúde num serviço do Hospital Santa Maria e como manda o protocolo houve testes aos profissionais e aos utentes. Neste momento a situação está controlada, está vigiada e acompanhada e estão todos a ser seguidos e felizmente quer profissionais quer doentes estão bem neste momento", disse Graça Freitas sem querer adiantar detalhes sobre cada um dos casos.

Spas e lojas de tatuagens

Questionada sobre a equiparação de casas de tatuagens a spas, que aguardam autorização para abrir, Graça Freitas lembrou que a reabertura "obedeceu a um plano, esse plano foi faseado, e estes estabelecimentos terão uma altura própria para integrarem a retoma".

Este faseamento visa garantir que existe um acompanhamento da DGS "sobre de que modo é que o desconfinamento influencia a curva epidémica. Tem de ser por fases e chegará à vez quer dos spas, quer dos ginásios, quer dos estabelecimentos das tatuagens".

Estabelecimentos prisionais

Questionado sobre o caso dos dois reclusos infetados com o novo coronavírus que foram transferidos para o hospital prisional e sobre a possibilidade de reclusos e os jovens internados em centros educativos recomeçarem a receber as visitas de familiares durante o mês de junho, António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, adiantou que "tem sido feita uma articulação com as autoridades regionais e locais de saúde para serem tomadas medidas em relação aos reclusos, nomeadamente como o caso em apreço, que são de reclusos que vieram de [saída] precária e que são colocados em quarentena e são testados".

Lacerda Sales considerou que a identificação destes dois casos positivos — já transportados para o hospital-prisão São João de Deus — é "prova de como o sistema funciona".

A par, reforçou a estreita colaboração entre o ministério da Justiça e da Saúde com vista a realização da testagem de funcionários e colaboradores dos serviços prisionais. No total já foram testados cerca de 1200 pessoas, num plano que começou a norte e que se está a alargar ao sul do país.

O plano de retomar as visitas em junho mantém-se, "sendo que estaremos sempre orientados pelas diretrizes da Direção-Geral da Saúde".

Fique em casa?

Questionado sobre se a mensagem "fique em casa" continuará a ser mantida em tempos de desconfinamento — quando até António Costa e Marcelo incentivam os portugueses a, de forma gradual e respeitando as medidas de segurança, retomarem a vida "normal" —, António Lacerda Sales disse que "tem de haver bom senso e equilíbrio".

"Voltar à normalidade nas nossas vidas não quer dizer relaxamento, continuamos a ter um dever de contenção. Liberdade, sim, mas com dever de responsabilidade. E essa é a mensagem que continuaremos a passar", disse.

Novidades sobre o futebol nas próximas horas

Lacerda Sales foi questionado sobre os riscos de fazer jogos da I Liga em casa do Marítimo, na Madeira, obrigando as equipas de futebol a viajar de avião. Sem responder à questão, o secretário de Estado da Saúde salientou apenas que "tem havido um trabalho muito próximo entre federação, liga, clubes e DGS".

"Foi pedida uma memória descritiva dos diferentes estádios, essa memória descrita já chegou à DGS. Hoje mesmo penso que estão destinadas as vistorias aos diferentes estádios. Também existe uma orientação relativa aos transportes, que serão exclusivos, das equipas de futebol. Penso que amanhã, nas próximas horas, o senhor presidente da Federação [Portuguesa de Futebol] terá oportunidade de comunicar aquilo que é a sensibilidade da Direção-Geral da Saúde", disse apenas.

Trump disse que está tomar hidroxicloroquina. É boa ideia?

O presidente norte-americano disse esta segunda-feira que está a tomar hidroxicloroquina, o medicamento para combater a malária e doenças auto-imunes como a artrite reumatóide ou o lúpus, há mais de uma semana, por prevenção ao covid-19, caso comece a revelar sintomas. É boa ideia?

"O que nós sabemos é que este medicamento tem indicações e contra-indicações e tem uma relação risco-benefício. Na Europa é muito acompanhado pela Agência Europeia do Medicamento, quer pelas instituições nacionais, que no nosso caso é o Infarmed. E, claro, depois a decisão [de prescrição] é sempre clínica perante uma situação concreta e específica", respondeu Graça Freitas, escusando comentar o caso específico do Presidente norte-americano.

O verão ajuda a travar o vírus? "Teremos de esperar"

Um estudo ontem conhecido da Universidade de Princeton dá conta de que é improvável que as temperaturas mais altas do verão, que se aproxima no hemisfério norte, limitem significativamente o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Questionada sobre esta matéria, Graça Freitas disse que "teremos de esperar" para ver.

"Sabemos que há outros coronavírus que têm um comportamento sazonal. Não desaparecem completamente nos meses mais quentes, mas o seu valor é muito basal, transmite-se muito pouco, e voltam a aparecer no outono e no inverno. Mas quando um vírus é completamente novo e quase toda a população de encontra ainda susceptível, nós não sabemos, de facto, se ele vai ter um abrandamento muito acentuado nos meses de verão, nos meses mais quentes. Temos de aguardar, sendo que sabemos que países com temperaturas habitualmente elevadas têm tido casos mesmo em épocas quentes. Temos de estar muito atentos e ver o comportamento deste vírus", disse.

Máscaras Quilaban. Afinal, o que se passa com o certificado?

A empresa Quilaban, que vendeu três milhões de máscaras à Direção-Geral de Saúde (DGS), assegurou ontem que “a certificação apresentada era verdadeira e válida e continuou verdadeira e válida através de um novo certificado”.

No domingo, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, disse que as máscaras vendidas à DGS não tinham sido distribuídas nem pagas, esperando clarificar a situação no início da semana. A resposta do governante surgiu depois de o jornal Público ter publicado um artigo com o título “Três milhões de máscaras compradas com certificado falso”.

A Quilaban, por sua vez, esclareceu num comunicado enviado à agência Lusa, que “a conformidade da qualidade das máscaras FF92 /KN95 é assegurada, não só por esta [nova] certificação, como também pelos testes realizados à produção da Gansu pelo Guandong Testing Institute of Product Quality Supervision ao abrigo da norma Chinesa GB 2626-2006, de resto considerada como equivalente à norma Europeia no âmbito do Decreto-Lei nº 14-E/2020, de 13 de abril”.

Questionado hoje sobre esta matéria, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales disse que o material não será distribuído "sem que seja feita uma prévia análise a toda a documentação. Essa documentação com certeza que chegará aos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, à DGS também, o próprio Infarmed analisará e depois será enviada à ASAE, que é quem tem competências nesta matéria de [certificação] das FFP2".

500 ventiladores da China vão começar a chegar na próxima semana

Os cerca de 500 ventiladores, que foram pagos em março pelo Estado português, mas ainda não entregues pelos fornecedores chineses, estão na Embaixada de Portugal na China e o Governo está a contratar voos para que estes possam chegar ao país, afirmou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Segundo o governante, os ventiladores não vão chegar nesta semana, referindo que deverão estar em Portugal na próxima semana e na seguinte.

"Serão contratados os voos para trazer gradualmente os ventiladores, visto que é uma carga grande e tem que ser distribuída", acrescentou.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresenta sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.