“As necessidades não estão todas cobertas porque existe um défice de professores com preparação suficiente”, mas “não podemos deixar de dizer que as escolas de referência têm vindo a cumprir os seus objetivos”, disse Tomé Coelho, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Mundial do Braille, que se assinala na quinta-feira.

Nos últimos anos, “as crianças e adultos com deficiência visual têm podido usufruir da aprendizagem e da utilização do sistema Braille no processo educativo”, sustentou o presidente da ACAPO.

Tomé Coelho afirmou que existem “muitos professores de Braille no ensino especial, nomeadamente nas escolas de referência”, mas lembrou o objetivo da secretária de Estado para a Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, de criar uma escola inclusiva.

“Uma escola inclusiva, onde todas as escolas pudessem usufruir de recursos materiais e humanos para que as crianças e os jovens com deficiência visual não tivessem que se deslocar, é o objetivo para o qual se caminha, mas que levará algum tempo a concretizar”, sublinhou.

Apesar de não ter dados oficiais sobre o número de crianças que frequentam o ensino de Braille em Portugal, Tomé Coelho disse que “quase a totalidade das crianças com deficiência visual” estão incluídas no processo educativo nas escolas oficiais.

Também as pessoas que “o desejem, mesmo a nível superior, conseguem frequentar cursos nas mais diversas áreas”, frisou.

“Nos últimos anos tem-se vindo a assistir a um investimento por parte do Estado” e a “um esforço” de todas as instituições representativas das pessoas com deficiência visual, das famílias e dos próprios visados no sentido de “dotar estas pessoas com os instrumentos que lhes permitam ser autónomos um dia mais tarde”, disse.

O presidente da ACAPO salientou ainda a “importância extraordinária” do sistema oficial de escrita e leitura para as pessoas com deficiência visual (Braille) para o desempenho de atividades profissionais destas pessoas.

“Naturalmente que, quanto melhor dominarem o sistema Braille, melhores condições estarão reunidas para que as pessoas com deficiência visual desempenhem funções profissionais com maior eficiência e ao mais alto nível”, adiantou.

Apesar de ainda haver “muito a fazer” em termos de empregabilidade, já há muitas pessoas empregadas na Função Pública, nas autarquias e em muitas empresas privadas.

“Isso é muito importante porque faz com que as pessoas sejam incluídas na sociedade”, adiantou à Lusa.

O objetivo é “sempre de contribuir para a dignificação das pessoas com deficiência visual”, para a sua inclusão social, profissional e cultural, para que sejam “atenuados” e mesmo abolidos “todos os fatores que têm contribuído até agora para discriminar e marginalizar” estas pessoas.

Para celebrar o Dia Mundial do Braille, o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) realiza na quinta-feira, em Leiria, o Seminário “Literacia Braille no Século XXI”, em que estará presente a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, responsáveis da ACAPO, e o presidente do INR.