Chama-se “Pneumoscópio” e é uma ferramenta de representação geoespacial. Segundo o vice-presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), Jaime Pina, vai compilar toda a informação oficial que existe sobre estas doenças e associá-la a uma base de dados georreferenciada.

"Neste momento temos uma visão global das pneumonias em Portugal, que não é uma visão muito favorável, mas é global, é nacional e, muitas vezes, essa visão macro pouco tem a ver com a visão micro do problema à medida que o vamos aprofundando", explicou o pneumologista, citado pela agência Lusa.

plataforma vai permitir fazer “uma série de correlações” como relacionar os internamentos e os óbitos com outras variáveis como a escolaridade, o poder de compra, o aquecimento das casas no inverno, o sedentarismo, o índice da poluição atmosférica, bem como com fatores de risco como o tabagismo ou a idade.

O “Pneumoscópio” vai, desta forma, possibilitar traçar o perfil das patologias e respetivas áreas de atuação, permitindo a investigadores e profissionais de saúde a definição de estratégias de prevenção mais eficazes e atuarem na mitigação do impacto das doenças.

Apesar de em Portugal, tal como no resto do mundo, não se saber quantos casos de pneumonia existem, porque não são doenças de declaração obrigatória, existem estudos que apontam mais 100 mil por ano.

Devido a esta doença, todos os anos são internadas, em média, 3.650 pessoas nas unidades de cuidados intensivos no Serviço Nacional de Saúde.

Relativamente à mortalidade, Jaime Pina adiantou que, tendo em conta a média nos últimos cinco anos, ocorrem cerca de 5.500 óbitos por ano. “Isto quer dizer que falecem 16 portugueses por dia”, um número 12 vezes superior aos que morrem na sequência de acidentes rodoviários.

“Não há um único acidente rodoviário mortal que não seja apresentado nos telejornais e ninguém ouve falar dos 16 casos que todos os dias morrem em Portugal com pneumonia”, lamentou.

O Pneumoscópio tem uma Comissão Científica constituída pelo cardiologista Carlos Rabaçal, do Hospital de Vila Franca de Xira, o endocrinologista Davide Carvalho, da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, o pneumologista Filipe Froes, da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Isabel Saraiva, fundadora do Movimento Doentes pela Vacinação, Jaime Pina, da FPP, Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, e Rui Costa, coordenador do Grupo de Doenças Respiratórias.

* Com Lusa