A obra foi editada pela 'Verlag 8. Mai' que, além de livros, também publica o jornal diário Junge Welt (Jovem Mundo, em tradução literal). Em 2016 Carlos Gomes lançou uma série de 12 artigos sobre monumentos de Lenine neste jornal e, agora, no âmbito do 150.º aniversário do dirigente, a 22 de abril, propôs a ideia do livro, que foi bem acolhida.

“Lenin lebt. Seine Denkmäler in Deutschland” ("Lenine vive. Os seus últimos monumentos na Alemanha") é o nome da obra, lançada em março, onde o leitor encontra “informação em primeira mão acerca de todos os monumentos a Lenine, que ainda existem no país, e fotografias a cores e em grande formato de todos eles”, revelou o autor Carlos Gomes em declarações à agência Lusa.

“É a investigação mais completa sobre este tema jamais feita na Alemanha. Em relação a alguns dos monumentos, muita da informação é inédita, fruto de uma pesquisa e um trabalho de campo de seis anos”, revelou o professor português, a viver em Berlim desde 2013.

Carlos Gomes, que confessa ter admirado sempre Lenine “como símbolo da luta pela igualdade e justiça social”, começou o projeto “Lenin is still around” (Lenine ainda está por aí) “um pouco por acaso”, em 2014.

“Deparei-me com uma estátua de Lenine abandonada numa antiga área militar, em Brandemburgo, e comecei a procurar mais monumentos. Fui descobrindo que ainda havia muitos, mas que o inventário existente era muito incompleto. Isso motivou-me a começar um projeto de investigação e a criar a página de internet com o mesmo nome para ir publicando os resultados”, explicou à Lusa.

Já reuniu 25 monumentos dedicados exclusivamente a Lenine, encontrados em 19 localidades do leste da Alemanha.

“Lenine não é um símbolo cómodo para os partidos políticos tradicionais, por isso a tendência nas últimas décadas foi ir desaparecendo nos espaços públicos. Mas procurando com um pouco de atenção, acabamos por nos deparar com Lenine em todos os lados”, contou, exemplificando.

“Na Faculdade de Direito da Universidade Humboldt de Berlim, há um vitral gigante dedicado a Lenine e, até no interior do Parlamento alemão, ele aparece desenhado num quadro. Não pode ser retirado, pois foi um presente da Rússia no âmbito da nova decoração do edifício que ficou parcialmente a cargo dos países das forças aliadas da II Guerra Mundial”, descreveu.

O português admite que não vai parar de investigar, já que o “inventário de monumentos a Lenine nunca é definitivo”.

“Ainda hoje há políticos a tentar retirar monumentos de espaços públicos, mas ao mesmo tempo há associações históricas e grupos políticos a querer, por sua vez, erguer ou recolocar novas (ou velhas) figuras de Lenine em diferentes cidades alemãs, não só no Leste, como também no Oeste”, partilhou.

“Em março estava prevista a inauguração de uma estátua de bronze de Lenine em Gelsenkirchen. A inauguração teve de ser adiada devido à atual pandemia, mas deverá acontecer em breve”, continuou.

Carlos Gomes garante que “vai continua com o projeto”, disponível em alemão e em inglês, acompanhando e documentando as “novidades polémicas que são sempre abundantes e muito interessantes em relação a este tema”.

Vladimir Ilyich Ulyanov, conhecido como Lenine, nasceu a 22 de abril de 1870, em Uljanowsk, na Rússia, e morreu aos 54 anos, nos arredores de Moscovo. Foi um ideólogo comunista, líder da Revolução Russa e um dos fundadores da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

O livro “Lenin lebt. Seine Denkmäler in Deutschland” está disponível nas livrarias e 'online'.

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