“Eu aconselhei, para proteger a criança, que escolhessem o momento onde falar e a família escolheu Fátima”, afirmou à Lusa a irmã Ângela Coelho, que disse ter recomendado “prudência na forma como gerir toda a informação por uma questão de proteção do menino”.

Ângela Coelho, que está em Fátima, sempre esperou que o caso fosse divulgado por familiares ou conhecidos aos ‘media’ brasileiros.

“Tenho que confessar que não sabia se íamos conseguir. Eu não posso falar, mas a família podia falar sobre o que entender”, salientou a religiosa.

Ângela Coelho esteve em Juranda, no Brasil, a terra da criança, para falar com quem conhecia o caso, que foi apresentado na quinta-feira publicamente pelos pais do menino no Santuário de Fátima.

Maria Aldemir Nardo Armadei, amiga da família da criança, contou à Lusa que sabia do caso, mas a pedido da postuladora decidiu não falar publicamente: "Todo mundo sabia do acidente e, claro, na época achamos que era mesmo um milagre, mas a freira portuguesa que veio aqui pediu para não comentarmos nada sobre a documentação do milagre, isto ficou oculto".

Confrontada com esta declaração, Ângela Coelho esclareceu que nunca pediu segredo. “Sugeri que fosse o pai ou a mãe, quem eles quisessem, a dar a informação” e “no sentido de proteger a criança porque ele é um menor e tem de ter uma vida mais ou menos normal”.

O facto de ser uma criança, à data do caso (2013) com quatro anos, é também algo que a religiosa destaca.

“Acho interessante e vejo aqui a mão de Deus a conduzir as coisas. Até os teólogos em Roma acharam fascinante serem duas crianças a tomarem conta de uma criança”, disse, mas negou que tenha feito alguma escolha específica para ser apresentado um “milagre” deste tipo.

Vários exemplos de milagres “foram chumbados, mas nós íamos pondo casos conforme vinham”, explicou Ângela Coelho.

O papa vai estar hoje e sábado em Fátima para celebrar o centenário das "aparições" de 13 de maio de 1917 e para canonizar os beatos Francisco e Jacinta Marto.

Francisco, que partiu de Roma às 13:12, é recebido na Base Aérea de Monte Real cerca das 16:20, onde será recebido pelo Presidente da República, primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República, além do Núncio Apostólico, do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e do bispo de Leiria-Fátima.

Jorge Mario Bergoglio é o quarto papa a visitar Fátima. Os anteriores papas que estiveram no maior templo mariano do país foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).