A instituição quer continuar a endurecer as condições de acesso ao crédito para “travar a procura”, explicou no final de setembro, Christine Lagarde, presidente do BCE.

A prioridade é não deixar a inflação “enraizar-se”, disse Lagarde, depois de os últimos dados apontarem para uma taxa de inflação homóloga de 9,9% em setembro na zona euro, muito longe dos 2% que o BCE fixou como meta.

O BCE já decidiu duas subidas das taxas de juro desde o início do verão, pondo fim a uma década de política monetária expansionista. Em julho começou com um aumento de 50 pontos base e em setembro acelerou para uma subida de 75 pontos base, o mesmo que é esperado agora.

Apesar de Lagarde ter afirmado que o instrumento mais adequado para travar a inflação é o das taxas de juro, o BCE deve começar a discutir uma nova etapa, a de redução do seu balanço, que aumentou bastante depois de anos de política anticrise, com sucessivos programas de compra de ativos para manter as taxas de juro baixas e apoiar a economia.

Essa política de “aperto quantitativo” não deverá ter lugar antes dos primeiros meses de 2023, consideram os analistas, tendo em conta os riscos de abalar os mercados financeiros num contexto já muito volátil.

O BCE pode ainda indicar o que pretende fazer quanto aos empréstimos concedidos nos últimos anos aos bancos com prazo alargado e juros muito baixos, às vezes até negativos, para os incitar a conceder crédito.

Agora que sobem as taxas de juro e a taxa de depósitos já não é negativa, os juros que os bancos pagam são inferiores ao que recebem por depositar o excesso de reservas no BCE, o que leva a instituição a estudar alterações nas condições dessas operações.