A tese pertence a uma equipa de investigadores apaixonados pela história climática e humana das ilhas do Atlântico Norte, que, após escavação de sedimentos de um lago de uma das 18 ilhas do arquipélago, Eysturoy, conseguiram desenterrar pequenos fragmentos de DNA de ovelha, onde encontraram um conjunto de biomarcadores nas suas fezes.
Graças ao sequenciamento rápido dos biomarcadores, presos nesses “arquivos” terrestres durante séculos, os investigadores conseguiram situar a sua origem entre o final do século 5 e o início do século 6 DC.
Segundo o estudo, os vestígios de matéria fecal, moléculas específicas produzidas pelo aparelho digestivo dos mamíferos, constituem um indicador “inequívoco” da presença humana e animal, ao contrário do pólen ou do carvão, por exemplo, que são menos robustos e podem, portanto, ser modificados por erosão ou variações climáticas.
A conclusão da presença humana a partir de fezes de ovelha resulta de que nessas ilhas isoladas, entre a Noruega e a Islândia, todos os mamíferos foram introduzidos pelo homem.
“Não havia ovelhas selvagens antes dos primeiros povoamentos”, confirmou o co-autor do estudo, William D’Andrea, do Observatório da Terra Lamont-Dorethy, da Universidade de Columbia, no Estado de Nova Iorque.
A datação das fezes coincide com a evolução da vegetação no mesmo período, revelada pelo aumento da presença de DNA de gramíneas e o desaparecimento de plantas lenhosas, duas pistas que sugerem que esses primeiros colonos pastorearam gado na ilha cerca de 300 a 400 anos antes dos desembarques viking.
Continua incerta a origem dos primeiros povoamentos das Ilhas Faroé, arquipélago autónomo dinamarquês no meio do Atlântico Norte, mas a chegada dos vikings, provenientes do norte da Europa, em meados do século 9 DC, continua a ser a primeira evidência direta e documentada de ocupação humana.
No entanto, vários indícios sugerem uma colonização anterior que terá tido origem nas ilhas britânicas, nomeadamente lendas que evocam a presença de monges irlandeses 100 anos antes, nomes de locais derivados da linguagem celta e gravuras celtas encontradas em túmulos.
Em 2006, análises de DNA revelaram uma “forte assimetria genética” na população daquelas ilhas, herdeira de genes escandinavos da parte dos ancestrais paternos e celtas da parte materna.
Falta, no entanto, encontrar provas científicas de que os primeiros colonos que chegaram às ilhas eram, efetivamente, de origem celta, segundo o professor D’Andrea.
Será difícil, pois “as causas das migrações humanas são diversas, entrelaçadas, ligadas a questões climáticas, políticas e de recursos, ou simplesmente ao espírito aventureiro do Homem”, assumiu o investigador.
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